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BC dos EUA pode ter de esperar até 2014 para aumentar juro

Segundo analistas, apesar de os indicadores norte-americanos estarem mais fortes, as incertezas ainda são grandes para que Fed continue com sua política para a taxa de juros

Por Luciana Antonello Xavier e da Agência Estado
Atualização:

NOVA YORK - Sem conseguir avistar um céu de brigadeiro num horizonte próximo, o Federal Reserve deve acabar se apegando por mais tempo à sua política de juro zero, acreditam analistas entrevistados pela Agência Estado. Em 2011, o Fed prometeu manter as taxas dos Fed Funds na faixa de zero a 0,25% até meados de 2013, numa iniciativa inédita da autoridade monetária de explicitar o timing de sua política para a taxa de juros. Analistas já apostam que esse prazo será estendido até 2014 ou até mais. Os juros dos EUA estão nesse patamar desde dezembro de 2008, quando estourou a crise global. "Os indicadores têm vindo mais fortes nos EUA, mas há incerteza suficiente sobre o futuro para acreditarmos na continuidade da política acomodatícia do Fed", afirma a diretora do Credit Suisse Dana Saporta. "Diria que os juros definitivamente ficarão em compasso de espera ao longo de 2013 e podem subir em 2014, mas é possível imaginar um cenário em que eles fiquem inalterados até por mais tempo. Uma vez que a política monetária atinge o ponto zero ou próximo disso, fica muito difícil aumentar os juros de novo", avalia. Segundo Saporta, o "ambiente de juro zero tende a ser muito persistente".  "Nós vimos isso no Japão, por exemplo, onde os juros estão perto de zero há 12 anos e meio. Não esperamos que dure tanto tempo nos EUA, mas ainda devemos ter alguns anos mais pela frente com essa política", acrescentou a economista. Desde janeiro de 1999, os juros no Japão estão perto de zero, tendo atingido seu pico, de 0,50%, em fevereiro de 2007, e desde outubro de 2010, estão na faixa de 0% a 0,10%. Os EUA, por sua vez, chegaram a ter uma taxa de juro de 6,5% no ano 2000, que recuaram para perto de 1% e voltaram a subir em meados da última década para a casa dos 5%. Quando a economia americana foi golpeada pela crise global, as taxas foram cortados aceleradamente, caindo ao patamar atual de 0% a 0,25%. Saporta diz que o elevado déficit do país também justifica manter os juros baixos. "Os EUA também têm um déficit orçamentário muito grande e as perspectivas são tão pobres que seria difícil financiar a dívida se os juros subissem rapidamente. Então essa também é uma motivação para manter os juros baixos." A economista da consultoria Stone & McCarthy Terry Sheehan também visualiza um horizonte longo de juros baixos na economia americana. "Se o Fed enxergar a necessidade de mais alívio ou se o desemprego persistir em nível alto, o comitê poderá optar por alterar suas diretrizes para os juros baixos para um período mais longo, talvez até 2014", acredita. Por outro lado, se a taxa de desemprego tiver queda contínua, então aumentar juros em meados de 2013 parece "razoável", pondera Sheehan.

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