As captações externas feitas por bancos e empresas recuaram em abril após o governo ter imposto uma taxação de 6% sobre as operações com prazo de até dois anos, mostraram números do Banco Central nesta quarta-feira, 25.
Em abril, as captações líquidas totais de títulos e empréstimos somaram US$ 3,9 bilhões, ante uma média mensal no primeiro trimestre do ano de US$ 8,5 bilhões.
Considerando apenas as captações com prazo de até um ano, os pagamentos de dívida superaram os novos empréstimos em US$ 3,4 bilhões em abril, ante uma captação líquida positiva de US$ 5,3 bilhões na média do primeiro trimestre.
As captações com prazo superior a um ano, por outro lado, aumentaram para US$ 7,4 bilhões, ante US$ 3,2 bilhões, evidenciando uma aparente migração entre as operações.
"A redução desses fluxos foi significativa, e houve um alongamento do perfil da dívida", afirmou a jornalistas o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, atribuindo o movimento ao aumento da taxação.
"Você está trocando dívida de curto prazo (até um ano) por longo prazo."
No final de março, o governo impôs um IOF de 6% sobre as captações de até um ano. Dias depois, o prazo das operações taxadas foi elevado para dois anos. A medida visou reduzir a oferta de crédito domesticamente e conter a valorização do câmbio.
Em maio, até o dia 20, as captações totais somam US$ 3 bilhões. No curto prazo, houve um fluxo negativo de US$ 3,3 bilhões e no longo prazo, uma captação de US$ 6,3 bilhões.
Fluxo total
A entrada líquida de capitais no país em maio soma US$ 8,337 bilhões até o dia 23, informou Maciel.
O fluxo positivo é composto de US$ 5,359 bilhões em operações comerciais e de US$ 2,977 bilhões em operações financeiras.
No mesmo período, o BC incorporou às reservas US$ 3,98 bilhões por meio de compras no mercado.
A posição vendida dos bancos no mercado à vista era de US$ 7,817 bilhões em 23 de maio.
(Reportagem de Isabel Versiani)