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Berlusconi diz que vetaria compra da Alitalia por Air France-KLM

Por DEE
Atualização:

O magnata italiano Silvio Berlusconi afirmou na sexta-feira que vetaria a compra da Alitalia pela Air France-KLM caso vença as eleições de abril e prometeu oferecer uma contra-oferta dentro em breve, apesar do ceticismo de seus rivais políticos. Os comentários feitos por Berlusconi, que, segundo pesquisas, lidera a corrida pelo cargo de primeiro-ministro, representam o mais recente golpe contra o negócio planejado pela Air France-KLM, que se transformou em um tema debatido acaloradamente na campanha para o pleito dos dias 13 e 14 de abril. A compra já enfrentava dificuldades devido à oposição de sindicatos ligados à Alitalia e da operadora do aeroporto de Milão. E a companhia aérea franco-holandesa disse que desistiria do negócio caso não tivesse apoio do próximo governo italiano. "A resposta que o próximo primeiro-ministro dará à Air France-KLM será um seco e veemente 'não'. E isso não porque ele seja contra a França, mas porque é contra as condições oferecidas", disse Berlusconi, afirmando também, por brincadeira, que o slogan de sua campanha não seria mais "Novamente em pé, Itália", mas "Novamente em pé, Alitalia". Em meio à campanha, Berlusconi surpreendeu os italianos ao declarar, depois de uma festa de aniversário do partido dele, nesta semana, que um consórcio italiano liderado pela empresa Air One salvaria a Alitalia da "arrogante e inaceitável" oferta francesa. Adversários políticos do candidato acusaram-no de blefar para despertar sentimentos nacionalistas e dizem que o discurso dele pode afastar a Air France-KLM e levar a Alitalia para mais perto da bancarrota. "Não nos agradaria ver uma situação em que a Air France-KLM desistisse do negócio e ninguém mais se oferecesse em seu lugar", afirmou Emma Bonino, ministra do atual governo italiano, em final de mandato e que aprovou o negócio com os franceses. "Porque, nessa hipótese, nossa companhia aérea nacional certamente caminhará para a falência." ATIRANDO NO ESCURO A Air One, cuja oferta inicial foi rejeitada pelo atual governo italiano, disse na sexta-feira que não poderia realizar uma nova proposta "no escuro" e que precisava de ao menos três semanas para analisar os balanços da Alitalia antes de tomar uma decisão. Segundo a Air One, cabia ao governo italiano, que detém 49,9 por cento das ações da empresa aérea, decidir se desejava ou não receber novas propostas. O banco italiano Intesa Sanpaolo, que apoiou a oferta inicial da Air One, disse não estar mais elaborando uma proposta pela Alitalia e que fazer isso seria impossível sem que os livros da companhia aérea fossem analisados. Berlusconi afirmou inicialmente, na sexta-feira, que a prometida oferta do consórcio ocorreria dentro de alguns dias. Poucas horas depois, disse a um canal de TV da Itália que esse consórcio faria a proposta dentro de três ou quatro semanas. "Neste momento, estou assumindo esse compromisso. Ou seja, isso acontecerá", afirmou o candidato a repórteres, acrescentando que já havia bancos dispostos a financiar o negócio, sem, no entanto, revelar quais seriam essas instituições. Antes, Berlusconi havia dito que seus filhos talvez estivessem dispostos a participar da oferta.

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