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BM&FBovespa propõe fusão com a Cetip e oferece R$ 39 por ação

Bolsa brasileira dá mais um passo para se unir com a maior depositária de títulos privados de renda fixa do País; sucesso do negócio criará empresa avaliada em mais de R$ 31 bilhões

Foto do author Fernanda Guimarães
Por Fernanda Guimarães
Atualização:

A BM&FBovespa acaba de dar mais um passo para sua fusão com a Cetip. A Bolsa brasileira atribuiu um valor de R$ 39 por ação da Cetip, o que corresponde a um prêmio de 15,5% em relação ao preço do fechamento da ação da Cetip no dia 30 de outubro, último dia antes da negociação do fato relevante que confirmou as tratativas, correspondendo, assim, a uma oferta não vinculante. 

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O sucesso da operação resultará na criação de uma empresa avaliada em mais de R$ 31 bilhões e, como consequência, consolidará o setor. A operação, que se desenrola com um pano de fundo de crise política e econômica Brasil e afetando o mercado de capitais diante da falta de confiança de empresas e investidores, tende a construir uma empresa mais robusta à espera da retomada do mercado.

O Broadcast, serviço de informações da Agência Estado, havia antecipado as negociações entre as empresas para uma fusão e também que elas caminhavam em ritmo acelerado. Dada a diferença de tamanho das companhias, analistas acreditavam que a Bolsa poderia pagar um prêmio para a fusão poder ocorrer.

Fusão entre Bovespa e Cetipgera consolidação no setor Foto: Márcio Fernandes/Estadão

A Bolsa destaca em fato relevante enviado ao mercado, que a oferta foi aprovada nesta sexta-feira, 13, pelo Conselho de Administração e que a proposta para o Conselho da Cetip é não vinculante. Ainda no documento, a BM&FBovespa informa que a operação "está condicionada a diversos aspectos importantes e usuais para a conclusão de negócios dessa natureza, em especial às aprovações governamentais e regulatórias, bem como à negociação e conclusão de condições de fechamento habituais e à aprovação pelos órgãos de administração das companhias e suas respectivas bases acionárias".

A Bolsa disse ainda que se a operação for concluída, resultará no recebimento para cada ação ordinária da Cetip, por seus acionistas, de ações ordinárias da Bolsa e de um montante em dinheiro, "estimado em no mínimo 50%, e, consequentemente, no máximo 50% em ações ordinárias da BM&FBovespa, ainda considerando os preços de 30 de outubro".

Outros negócios. No início de setembro a Bolsa vendeu 20% de seu investimento na CME e os recursos oriundos da venda totalizaram R$ 1,2 bilhões, impactando, assim, positivamente o caixa da companhia. O resultado líquido foi de R$ 474,2 milhões, de acordo com o demonstrativo financeiro divulgado ontem. Conforme o Broadcast já informou, fontes destacaram que esses recursos serão utilizados no âmbito da fusão.A Bolsa detém ainda 4% do capital da CME.

Na Cetip a principal acionista, com 12% do capital social, é a ICE, que em 2012 adquiriu a Nyse Euronext, controladora da bolsa de Nova York. Desde então a Cetip é apontada no mercado como um alvo iminente para a constituição de uma nova bolsa no Brasil. O restante das ações da Cetip estão em circulação no mercado (free float).

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Já na BM&FBovespa, entre os acionistas, a CME Group, com uma fatia de 5,03%, lembrando da participação cruzada entre as duas bolsas no âmbito da parceria. O fundo americano Oppenheimer detém a maior participação, com uma fatia de 7,37%.

Esse, no entanto, não é o primeiro movimento para fusão com a Cetip, que no mercado é apontada como sua concorrente mais próxima, mas o processo não avançou. Depois de consolidada a fusão da Bovespa com a BM&F, em 2008, a expectativa girava em torno desse negócio. Um dos problemas na época era que a Cetip era mutualizada e os bancos, também os principais clientes da Cetip, não concordaram com o negócio. Na prática a Cetip é vista desde então como uma peça de complementação para os negócios da Bolsa.

Em paralelo, a BM&FBovespa segue com seu intuito de adquirir a participação minoritária em cinco bolsas da América Latina, até o limite permitido pela regulação local, que varia entre 5% e 15%. Além do Chile, onde a Bolsa brasileira já adquiriu 8% do capital (com a meta de chegar em 10%), faz parte dos planos a aquisição de fatias das bolsas do México, Peru, Colômbia e Argentina. Nesta sexta-feira, o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, disse que processo de aquisição dessas fatias segue em curso e a expectativa é encerrar o ano com "mais uma ou duas aquisições.

Resultados. No terceiro trimestre deste ano a BM&FBovespa, reportou um lucro líquido de R$ 393,3 milhões sem considerar o impacto proveniente do investimento na CME Group (ex-impacto CME), crescimento de 65% em relação ao observado no mesmo período do ano passado. Em relação aos três meses imediatamente anteriores a alta foi de 23,7%.

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Se considerados todos os efeitos com o desinvestimento parcial da companhia na CME, assim como a descontinuidade do método de equivalência patrimonial, o lucro líquido, esse atribuível aos acionistas da Bolsa, foi a R$ 2,012 bilhões, recorde para o período. Para se ter uma ideia o lucro nos nove primeiro meses do ano o lucro foi de R$ 2,61 bilhões.

Já a Cetip reportou um lucro líquido de R$ 130,2 milhões no intervalo de julho a setembro deste ano, crescimento de 20% em relação ao visto um ano antes. Ante o segundo trimestre o aumento foi de 9,7%. No ano até setembro o lucro líquido foi de R$ 369,6 milhões, expansão de 19,4% ante o visto um ano antes.

Nesta sexta-feira, as ações da BM&FBovespa fecharam com queda de 1,80%, a R$ 12,00, e as da Cetip caíram 1,07%, em R$ 38,06.

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