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Bovespa negocia fusão com Cetip

União das duas companhias já havia sido cogitada pelas empresas no passado, mas não avançou; fusão deve ser anunciada em breve

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Por Fernanda Guimarães
Atualização:
Cetip é vista como uma peça para complementar os negócios da BM&FBovespa Foto: SERGIO CASTRO/ESTADÃO

A BM&FBovespa está perto de anunciar uma fusão com a Cetip, companhia de capital aberto que oferece serviços de registro, central depositária, negociação e liquidação de ativos e títulos. As negociações tiveram início há alguns meses e seguem em ritmo acelerado. Segundo fontes do setor, a união das duas companhias deve ser anunciada em breve. O objetivo do negócio é consolidar o setor. 

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No mês passado, a bolsa brasileira vendeu 20% de sua participação no CME, grupo americano que reúne quatro bolsas de mercado futuro e está entre os maiores do mundo. Com a venda, a Bovespa colocou em caixa cerca de R$ 450 milhões - montante que será utilizado na fusão com a Cetip, conforme fontes. Acionistas da Bolsa esperavam que esse valor fosse distribuído em forma de proventos e sua manutenção no caixa levantou a possibilidade de a Bolsa estar próxima de concluir um movimento de fusão e aquisição (M&A).

Os principais acionistas das empresas já foram contatados, segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Na Cetip a principal acionista, com 12% do capital social, é a ICE, que em 2012 adquiriu a Nyse Euronext, controladora da bolsa de Nova York. 

Na época comentou-se no mercado que a Cetip poderia se tornar alvo de aquisição para a constituição de uma nova bolsa no Brasil, exatamente em um momento em que se notava uma onda de consolidação das bolsas mundiais. O restante das ações da Cetip está em circulação no mercado. Do lado da BM&FBovespa, entre os acionistas, está a própria CME Group, com uma fatia de 4,8%. Mas a maior participação, de 7,37%, está nas mãos do fundo americano Oppenheimer.

Rivais. No passado, a Bolsa já estudou a possibilidade de fusão com a Cetip, que no mercado é apontada como sua concorrente mais próxima, mas o processo não avançou. Depois de consolidada a fusão da Bovespa com a BM&F, em 2008, a expectativa girava em torno desse negócio. Um dos problemas na época era que a Cetip era “mutualizada” (ou seja, seus donos eram as próprias instituições do mercado financeiro, como bancos e corretoras) e também não tinha fins lucrativos, assim como eram as bolsas antes da abertura de capital. 

Na prática a Cetip era vista, desde então, como uma peça de complementação para os negócios da Bolsa.

Concorrência. A Bolsa investiu para aumentar sua presença no registro de ativos de renda fixa, mas a liderança da Cetip nesse segmento segue intocada, com exceção das Letras de Crédito Agrícola (LCA). Por outro lado a Cetip já fez indicações de que poderia entrar na seara da Bolsa, anunciado um estudo para lançar sua contraparte central.

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A Cetip foi criada em 1984 pelas próprias instituições financeiras (bancos, corretoras e distribuidoras de valores), em conjunto com o Banco Central. Na época, o objetivo era garantir mais segurança e agilidade às operações do mercado financeiro. O início das atividades foi em 1986. 

No fim de 2008, o fundo de private equity (que compra participações em empresas) adquiriu 30% da Cetip. Hoje mais de 15 mil instituições participantes utilizam os serviços da empresa. Além de sua unidade de valores mobiliários, a Cetip possui uma divisão de financiamento, proveniente da aquisição da GRV Solutions, que realiza, por exemplo, o registro de gravames pelos órgãos de trânsito.

Em paralelo, a BM&FBovespa segue com seu intuito de encerrar o ano com participação em cinco bolsas da América Latina, até o limite permitido pela regulação local, que varia entre 5% e 15%. 

Além do Chile, onde a Bolsa brasileira já adquiriu 8% do capital da bolsa local (com a meta de chegar em 10%), faz parte dos planos a aquisição de fatias das bolsas do México, Peru, Colômbia e Chile. 

Procurada, a reportagem não conseguiu contato com a BM&FBovespa e com a Cetip.

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