A petrolífera Pan American Energy, controlada pelo grupo britânico BP, pode ver todo o seu negócio na Bolívia ser nacionalizado, caso não aceite passar ao Estado o controle da Chaco, uma companhia mista que produz petróleo e gás, informou o governo de Evo Morales. O ministro de Hidrocarbonetos, Saúl Avalos, disse na terça-feira à Reuters que a petrolífera não cumpriu um decreto de maio de 2008 exigindo a transferência de pouco mais de 1 por cento das ações da Chaco à estatal YPFB, para que o governo assumisse o controle acionário. "Não o fizeram até agora. O governo boliviano está aguardando pacientemente, mas tudo tem limite", comentou o ministro. Ele anunciou que a autoridade tomaria "uma decisão" a qualquer momento. Em maio de 2008, ao completar um processo de nacionalização iniciado dois anos antes, Morales decretou que, mediante à transferência forçada de pequenos pacotes acionários, a YPFB assumiria o controle de várias companhias mistas, como a Chaco, que tenham surgido a partir de um processo de privatizações na década passada. O decreto estabeleceu um pagamento de 4,8 milhões de dólares pelas ações que a Pan American Energy entregaria para a YPFB, que atualmente detém 49 por cento de participação. "A Chaco está nacionalizada. Há um decreto supremo que determina que as pessoas da Chaco (Pan American) devem entregar as ações à Yacimientos (YPFB), mas ainda não o fizeram. Até agora estão descumprindo um decreto supremo", disse Avalos. "Se eles não cumprirem o decreto, nós teremos que tomar medidas que correspondam à lei", acrescentou ele. O secretário de Estado recordou que no ano passado, o governo nacionalizou 100 por cento da operadora de dutos Transredes, depois que o grupo internacional Ashmore se negou a transferir uma parte de suas ações. Diferentemente do impasse com a filial da BP e da Ashmore, o governo boliviano conseguiu um rápido acordo com a espanhola Repsol-YPF, que passou o controle da petrolífera local Andina à YPFB. Com o controle da Andina e da Chaco, a estatal YPFB voltou às atividades de produção depois de mais de uma década atuando somente como administradora de contratos com companhias estrangeiras. (Por Carlos Alberto Quiroga)