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Brasil, China e UE exigem maior empenho dos EUA na Rodada Doha

Reivindicações foram feitas durante sessão na Organização Mundial do Comércio

Por Ana Conceição e da Agência Estado
Atualização:

Brasil, China e União Europeia (UE) exigiram dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 29, maior engajamento nas negociações para a conclusão da Rodada Doha de liberalização do comércio global. "Muitos membros (da OMC) observaram que, especialmente nos dois últimos anos, os Estados Unidos parecem ter renunciado a seu papel de liderança nas negociações", disse o embaixador chinês Sun Zhenyu, durante sessão na Organização Mundial do Comércio (OMC) em que as políticas comerciais dos EUA foram avaliadas, o que ocorre a cada dois anos.

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Embora peçam que os países em desenvolvimento façam mais concessões para se chegar a um acordo global, os Estados Unidos "falham em dizer como pretende melhorar sua própria oferta em questões que preocupam as nações menos desenvolvidas", disse Sun, ecoando preocupações que também são do Brasil. A UE pediu que os EUA acelerem sua posição "inclusive dando mais contribuições próprias às negociações e sendo realista naquilo que pede de seus parceiros". Segundo o chefe da delegação europeia em Genebra, John Clarke, "os EUA estiveram na vanguarda daqueles que reconhecem o valor de um comércio aberto, baseado em regras internacionais". Recentemente, contudo, "vemos alguns sinais de que esse compromisso e disposição para liderar pelo exemplo está diminuindo. Isso é motivo de grande preocupação", disse Clark durante a reunião.

Além das negociações da Rodada Doha, Washington também foi bastante criticado em outras frentes de sua política comercial. A China fez uma observação especialmente endereçada ao modo como os EUA conduzem a economia e o dólar. "Estamos muito preocupados sobre que medidas responsáveis e práticas o país tomará para impedir o recuo do dólar e manter a estabilidade da moeda", afirmou Sun.

A política agrícola norte-americana foi outro ponto crítico. A OMC pediu que os EUA reduzam os subsídios dados a seus agricultores, tão "consideráveis" que podem distorcer os mercados mundiais. "A agricultura representa apenas 0,8% do PIB dos EUA e emprega só 1,4% de sua força de trabalho", disse Roberto Azevedo, enviado do Brasil à entidade. "Apesar disso, esse setor se beneficia de um arsenal de medidas restritivas e que distorcem o mercado".

Subsídios

A OMC pediu que os Estados Unidos reduzam seus subsídios agrícolas, dizendo que eles são tão "consideráveis" que podem distorcer os preços internacionais.

Em relatório no qual analisa as políticas norte-americanas desde 2007, a entidade disse que enquanto promove suas exportações, os EUA devem reduzir "medidas que promovem distorções, incluindo o suporte para a agricultura". A OMC observou que o suporte dado ao setor sob a multibilionária Farm Act (Lei Agrícola) está "relacionado aos preços e/ou à produção" e que, por causa desse apoio, "produtores de cereais, oleaginosas e algodão estão efetivamente isolados das cotações de mercado, enquanto produtores de açúcar e lácteos são beneficiados por programas de suporte de preços".

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A OMC continua, dizendo que "a grande dimensão do setor agrícola nos EUA implica um volume considerável de subsídios, que variam de um ano para outro, dependendo dos preços. É uma política que pode afetar os preços internacionais".

O Brasil também criticou os subsídios agrícolas dos Estados Unidos durante o mais recente exame que a OMC faz das políticas norte-americanas, realizado a cada dois anos. "A agricultura representa apenas 0,8% do PIB dos EUA e emprega só 1,4% de sua força de trabalho", disse Roberto Azevedo, enviado do Brasil à entidade. "Apesar disso, esse setor se beneficia de um arsenal de medidas restritivas e que distorcem o mercado". Azevedo apontou que a maior parte dos subsídios está concentrada em produtos como algodão, soja e arroz. "Esses subsídios entram em ação justo em momentos de quedas de preços, o que provoca grandes distorções que prejudicam os produtores do resto do mundo", afirmou o brasileiro.

Os subsídios dos EUA ao setor agrícola local são um dos principais pontos que travam as longas negociações da Rodada Doha da OMC para o estabelecimento de um novo acordo de comércio global. O Brasil, inclusive, venceu um painel na entidade contra os subsídios norte-americanos ao algodão. Mas o País concordou em não usar seu direito de retaliação e esperar por uma nova Farm Bill em 2012 para ver que modificações serão feitas na lei agrícola do país. As informações são da Dow Jones.

(Texto atualizado às 15h51)

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