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Brasil defenderá no G-20 sustentação do crescimento e emprego, diz Dilma

'Sabemos, pela nossa própria experiência que, na ausência de crescimento, o avião não voa'

Por Anne Warth e da Agência Estado
Atualização:

A presidente Dilma Rousseff disse hoje (31) que a posição que o Brasil levará à reunião de cúpula do G-20, que começa nesta quinta-feira (03) em Cannes, na França, é a de que os países proponham medidas financeiras urgentes e emergenciais e um plano de sustentação do crescimento e do emprego. Na avaliação dela, caberá ao G-20 ajudar a restabelecer a confiança no retorno do crescimento, especialmente das economias desenvolvidas.

"Inegavelmente a solução imediata da crise, apesar de ser responsabilidade dos países avançados, e neste momento particularmente dos europeus, não pode fechar os olhos para o fato de que se todos fizerem ajustes recessivos a situação de recessão terá uma profecia autorealizável", afirmou, em discurso, durante a cerimônia de premiação "As Empresas Mais Admiradas do Brasil", promovida pela revista Carta Capital, na em São Paulo. A presidente citou a própria experiência brasileira no enfrentamento da crise de 2008 como exemplo a ser seguido: "Sabemos, pela nossa própria experiência que, na ausência de crescimento, é impossível alcançar efetivamente a sustentabilidade fiscal. O avião não voa." "Estímulo ao crescimento, ao emprego e à melhoria de vida das populações de todos os países do mundo é também um dos bons instrumentos para que possamos de fato superar e controlar a crise." A presidente disse estar convencida de que parte da solução da crise está no foco ao crescimento, na redução das desigualdades e na adoção de políticas fiscal e monetária responsáveis. A presidente fez questão de deixar claro que a guerra cambial também não ajudará os países a superar a crise. "Nós vamos deixar claro na reunião do G-20 que não acreditamos que a crise será efetivamente superada com guerra cambial e com a velha receita pura e simples da recessão e do desemprego", afirmou. "Investir no crescimento e no emprego não é uma escolha ideológica. É uma opção pela eficiência e pela certeza de que nós assim teremos respaldo para que o mundo saia desta crise que hoje já é de proporções parecidas, se não piores, que a de 1929." Segundo Dilma, a reunião do G-20 ocorre num momento crucial, de grandes dificuldades e soluções imprevisíveis. "Sabemos o quanto é importante que as soluções não tardem", disse ela, criticando a demora da União Europeia em oferecer uma solução para a dívida soberana e para a fragilidade do sistema bancário do bloco. "A demora da União Europeia em oferecer soluções para as questões de sua dívida soberana e da fragilidade de seus bancos e de erguer muros de proteção a seus Estados que são solventes, apesar de hoje ilíquidos, tornam os problemas mais graves. Junte-se a isso os problemas do baixo crescimento em todos os países avançados, que está nos levando a uma situação de crise de confiança muito semelhante à de 2008", afirmou. A presidente lembrou que, recentemente, o mercado interbancário europeu se paralisou e que hoje é mais difícil e mais caro o financiamento das transações comerciais. De acordo com ela, os países emergentes, embora ainda sustentem o crescimento da economia mundial, sentem os efeitos indiretos do encolhimento de mercados avançados, o que contrai o comércio externo. "A combinação de altas taxas de desemprego, redução do consumo e paralisia de decisões mina a possibilidade de recuperação e por isso tem levado ao desemprego, surtos de reação popular e à desesperança no cotidiano de muitas famílias", afirmou. Apesar disso, o Brasil tem sido um dos menos atingidos, na avaliação da presidente, que ressaltou que o País possui solidez nas contas públicas, no setor financeiro e um grande mercado interno. Dilma citou que o País possui US$ 350 bilhões em reservas e está cumprindo sua meta de superávit primário. Ela também disse que a inflação está cedendo e que o mercado já prevê que ela fique dentro da meta em 2012. Dilma citou também que o Brasil recebeu de janeiro a setembro US$ 50 bilhões em investimentos externos na produção, um recorde que é sinal da confiança do investidor estrangeiro no País. "Nós sabemos que, se a crise se agravar, a economia brasileira sofrerá alguns dos efeitos da recessão global, mas temos todos os instrumentos para resistir e proteger nosso mercado e nossos empregos. Nós estamos fazendo a nossa parte, ao sustentar o crescimento, a despeito da ameaça de recessão global", afirmou. A presidente também lembrou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro supere o do Reino Unido e que o País se torne a 6ª maior economia do mundo. "O fato é que o crescimento do Brasil é algo sobre o qual nenhum país do mundo coloca suspeita." (Anne Warth)

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