PUBLICIDADE

Publicidade

Brasil rapa estoques de café para manter força exportadora

Por ROBERTO SAMORA
Atualização:

No pico da entressafra de café, após a colheita de uma safra menor, o Brasil aproveita os preços altos internacionais e mantém a sua força exportadora graças à comercialização dos estoques da temporada anterior, disseram corretores. Em fevereiro, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Brasil registrou exportações de 2,02 milhões de sacas (60 kg), estáveis na comparação com o mesmo mês de 2007, isso apesar de o país ter colhido em 2007/08 (ano do ciclo bianual de baixa do arábica) uma safra 23 por cento inferior à verificada em 2006/07, quando a colheita somou 42,5 milhões de sacas. "Quem estava guardando o café tem feito muitos negócios no físico. São cafés da safra passada (2006/07) completando as vendas da safra 07/08, uma vez que a colheita foi de menor porte", afirmou o corretor Sérgio Carvalhaes, da corretora Carvalhaes, em Santos. Segundo ele, o exportador está utilizando esse "artifício" para fazer "frente ao consumo que está aumentando e à exportação, que tem se mantido em níveis razoáveis". O corretor Fernando Mellão Martini, com sede em Espírito Santo do Pinhal, interior de São Paulo, concorda com o seu colega de Santos. "Com esses preços, o fluxo de negócios de janeiro e fevereiro foi muito grande. Muitos lotes de café 06/07 foram para o mercado na semana passada...", disse Martini. ESTOQUES CAEM De acordo com Carvalhaes, o mercado apenas não vai sentir um "estrangulamento" porque o café do Brasil, com grande extensão territorial, começa a ser colhido já em abril. Para o corretor, "esse fluxo de café vai dar uma falsa sensação de abastecimento e que os estoques não estão em níveis perigosos". "Apenas jogaremos a situação explosiva para março do ano que vem", quando a bianualidade da safra será negativa. Carvalhaes ainda lembrou que os estoques do governo também estão secando. Segundo o Ministério da Agricultura, estarão zerados em junho. Outra prova de que os estoques estão baixos é o curto diferencial entre os preços do café arábica e da variedade robusta. Atualmente, o robusta vale cerca de 240-250 reais por saca, contra 290 reais do arábica. Normalmente, a diferença é de 100 reais por saca. "Ou o robusta cede um pouco, e parece que não vai ceder --pelo consumo e oferta apertados--, ou o arábica vai abrir, apesar de estarmos na boca da safra." Essa avaliação também é a mesma de Martini, que lembra que mesmo com a proximidade de uma grande safra 2008/09, de até 44 mlhões de sacas, segundo o governo, os patamares de preços são outros e devem se manter firmes. Ele lembrou que empresas dos EUA estão reajustando os preços do produto final. "Entendo que ela só reajusta porque acha que o mercado mudou de patamar." Com a alta no mercado internacional, os prêmios para exportação se alargaram. Estão em torno de 21-22 centavos de dólar abaixo do valor da bolsa de Nova York, para o Swedish, enquanto há negócios com o café fino com desconto de 18 centavos sob os futuros. "Os prêmios se alargaram, tanto que o pessoal acha que se esse mercado cair não mudam os preços no físico." (Edição de Marcelo Teixeira)

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.