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Braskem busca 'aliança' com a concorrente Quattor

Nota oficial da empresa do Grupo Odebrecht confirma negociação e justifica ‘aliança estratégica’

Por Marianna Aragão
Atualização:

A petroquímica Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas na América Latina, do Grupo Odebrecht, informou oficialmente que está em negociações com sua principal concorrente, a Quattor, controlada pela Petrobrás e a família Geyer, do Grupo Unipar. Em comunicado ao mercado, a ser divulgado nesta segunda-feira, a companhia confirma que iniciou conversas com os acionistas da Quattor, para “identificar eventuais oportunidades de aliança estratégica em seus negócios”. Mas, segundo o comunicado, ainda não há acordo preliminar firmado nem prazo para o término das negociações.

 

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O início das conversas para uma possível venda da Quattor à Braskem foi noticiada na edição deste domingo do jornal O Estado de S.Paulo. Se confirmado, o negócio entre as duas empresas criará uma gigante petroquímica brasileira, com porte semelhante à mineradora Vale. Juntas, elas faturam cerca de R$ 28 bilhões por ano. Segundo fontes ligadas às companhias, a venda da Quattor surge como uma das opções para o endividamento da empresa, estimado em R$ 6 bilhões, que corresponde a 60% do faturamento. Outra solução seria fazer a abertura de capital na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

 

A Quattor foi criada em agosto de 2008, a partir da compra da Suzano Petroquímica pela Petrobrás e sua posterior associação com o Grupo Unipar. A estatal é sócia minoritária da companhia, com cerca de 40% das ações. Para viabilizar a união com a Braskem, porém, essa participação teria de ser ampliada, por meio de um aporte bilionário de capital. Assim, a estatal viraria controladora do novo conglomerado petroquímico, uma vez que já detém 30% das ações da Braskem. Esse novo arranjo, porém, pode ser um dos empecilhos do negócio. Uma das críticas é que, assumindo o controle da Braskem, o setor passaria por uma reestatização, o que atrairia oposição política.

 

A opção de perder o controle da Braskem também não é bem vista pelo Grupo Odebrecht, hoje sócio majoritário da companhia. Por fim, a união das duas gigantes seria, certamente, questionada pelos órgãos de defesa da concorrência, a ser julgado pelo Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade).

 

De acordo com fontes ligadas ao negócio, a Petrobrás está tomando a iniciativa de buscar uma solução para a Quattor. Além da venda para a Braskem, outra opção considerada é a venda para uma petroquímica estrangeira. A estatal teria iniciado conversas com a indiana Reliance, mas até agora não surgiu uma proposta concreta. A família Geyer, controladora da Quattor, no entanto, estaria interessada em outro desfecho. Segundo fontes ligadas à empresa, na avaliação dos controladores, a capitalização por meio da abertura de capital na bolsa seria a melhor opção para o endividamento da petroquímica.

 

Na nota em que confirma as negociações com a concorrente, a Braskem informa que tem conversado com diversas empresas em busca de oportunidades, seguindo sua estratégia de internacionalização. “Todos os potenciais movimentos considerados pela Braskem terão como premissa o seu fortalecimento competitivo”, diz a nota.

 

Há duas semanas, o presidente da companhia, Bernardo Gradin, informou o interesse em adquirir uma companhia nos Estados Unidos e disse que um negócio pode ser fechado ainda este ano. Nos últimos dois anos, a petroquímica liderou um forte movimento de consolidação no setor, com a aquisição dos ativos petroquímicos do Grupo Ipiranga e da Petroquímica Triunfo. Procurada pela reportagem, a diretoria da Braskem afirmou que não comentará as informações publicadas hoje em fato relevante.

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