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Braskem inaugura fábrica de PVC em Alagoas

Por André Magnabosco
Atualização:

A Braskem inaugura oficialmente nesta sexta-feira uma fábrica de PVC, construída no município de Marechal Deodoro, em Alagoas. Maior investimento já realizado pela petroquímica em um único projeto no Brasil, a fábrica representa uma nova etapa do objetivo da Braskem de reduzir a dependência nacional por resina importada. O próximo passo pode ser dado no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), polo em construção no município de Itaboraí.A nova fábrica tem capacidade para produzir 200 mil toneladas anuais de PVC, resina utilizada principalmente na construção civil. O projeto, avaliado em cerca de R$ 1 bilhão, elevará a oferta de PVC da Braskem para aproximadamente 700 mil toneladas e a capacidade nacional (que inclui a concorrente Solvay) para cerca de 1 milhão de toneladas. A demanda doméstica está em aproximadamente 1,1 milhão de toneladas anuais.A redução da dependência externa, contudo, deve ser momentânea, uma vez que a procura doméstica pela resina deve manter trajetória de crescimento no curto e médio prazos. "Dentro dos próximos três ou quatro anos, acreditamos que a demanda manterá taxa média de crescimento entre 4% e 5% ao ano", disse o vice-presidente da unidade de Vinílicos, Marcelo Cerqueira, em entrevista à Agência Estado.A projeção, se confirmada, pode viabilizar a construção de outra fábrica entre 2016 e 2017, conta Cerqueira. Por isso, a Braskem já analisa alternativas para uma futura expansão, e o Comperj surge como opção, conforme revelado em 2011 pelo presidente da petroquímica, Carlos Fadigas.Para sair do papel, entretanto, um novo investimento deverá se mostrar economicamente viável, a despeito dos custos de energia no Brasil. De acordo com Cerqueira, a energia responde por 70% do custo de produção da cadeia cloro-soda, que, por sua vez, dá origem ao EDC, matéria-prima usada na produção do PVC. Além da energia, a produção da cadeia está associada à oferta de sal (usado na produção do cloro) e eteno. "Temos disponibilidade de sal e eteno, mas temos como grande desafio o custo da energia", disse.Um futuro investimento da Braskem na área de PVC, portanto, ainda não tem perfil definido. A companhia pode produzir localmente a resina com base em EDC importado ou fazer um investimento mais significativo em toda a cadeia, com a produção interna do insumo. No caso do projeto de Alagoas, a Braskem já possuía excedente de EDC, anteriormente exportado, e por isso investiu apenas nas linhas de PVC e MDC (um intermediário do PVC).CerimôniaA unidade de Alagoas, cuja inauguração deverá ter a presença da presidente da Dilma Rousseff, tornará o Estado o maior produtor brasileiro de PVC, desbancando a Bahia, onde a Braskem produz 250 mil toneladas, e São Paulo, onde a concorrente Solvay tem capacidade para produzir 300 mil toneladas anuais. O evento também comemora os dez anos desde a criação da Braskem, em 16 de agosto de 2002.A duplicação da unidade levará a petroquímica a ampliar o escoamento da produção a partir de operações de cabotagem e venda de PVC a granel. Atualmente, a Braskem escoa aproximadamente 2 mil toneladas mensais da resina via cabotagem, número que deve superar 10 mil toneladas mensais com a nova unidade. No caso da venda a granel, a Braskem já está em contato com potenciais parceiros interessados nesse modelo de negócio.A expansão também resultará em maior consumo de energia e gás natural. Por isso, a Braskem, juntamente com a Eletrobras, investiu no aperfeiçoamento do sistema de abastecimento elétrico local, com a instalação de uma nova linha de transmissão. O aporte, avaliado em mais de R$ 14 milhões, garantirá maior estabilidade e capacidade de suprimento na região.Além disso, o consumo de gás natural contratado junto à distribuidora Algás saltará de 350 mil para 550 mil metros cúbicos diários. A evolução da demanda acompanhará a curva de maturação da unidade, que deve atingir plena capacidade até dezembro. De acordo com Fadigas, a produção da fábrica, iniciada em abril passado, será absorvida integralmente pelo mercado interno até o final de 2013.Apesar de aumentar em aproximadamente 25% o volume da oferta local de PVC, a diretoria da Braskem prevê que será possível evitar um desarranjo nos preços locais. "Não esperamos sobressaltos no mercado. Temos uma relação muito forte com os clientes e preparamos juntamente a eles a entrada dessa nova unidade", disse Cerqueira.O projeto da Braskem tem valor presente líquido (VPL) estimado em US$ 450 milhões, conforme divulgado pela companhia em 2010. Para viabilizar a obra, a Braskem obteve linha de até R$ 525 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de R$ 200 milhões com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

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