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BRF compra a maior empresa de aves da Turquia em operação de US$ 470 milhões

Em parceria com o fundo soberano do Catar, o Qatar Investiment Authority (QIA), grupo brasileiro de alimentos adquiriu a Banvit para crescer no mercado halal, segmento voltado para o público muçulmano e considerado estratégico para a companhia

Por Monica Scaramuzzo
Atualização:

Uma semana depois de criar oficialmente a Onefoods, empresa que vai atuar no mercado muçulmano, a BRF (resultado da fusão da Sadia e Perdigão) anunciou nesta segunda-feira, 9, a primeira aquisição por meio de sua nova subsidiária. O grupo brasileiro de alimentos comprou a Banvit, líder em produção de aves na Turquia, em parceria com o fundo soberano do Catar, o Qatar Investiment Authority (QIA). O valor desse negócio está avaliado em US$ 470 milhões, incluindo dívidas de US$ 130 milhões.

País consome cerca de 10% da produção de alimentos halal de todo o mundo Foto: Divulgação

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Para concluir essa aquisição, a BRF e o fundo QIA formaram uma joint venture (parceria), na qual a empresa brasileira deterá 60% e o fundo árabe os 40% restantes. Nesta primeira etapa, a Onefoods comprou 79,5% do negócio. Os 20,5% restantes serão adquiridos por meio de uma oferta pública de ações (conhecida como OPA) nos próximos meses. Somente o desembolso da BRF, nesta primeira fase, é estimado em cerca de US$ 162 milhões.

Estratégico para os negócios da BRF, o mercado halal (que segue a tradição muçulmana) está no foco de expansão da companhia, que deverá fazer mais aquisições e crescer organicamente no segmento. O mercado turco responde por cerca de 10% do consumo de alimentos halal do mundo e é importante para o avanço da BRF nesse negócio.

Expansão. Ao Estado, José Alexandre Borges, vice-presidente de finanças e relações com investidores, afirmou que a companhia vai acelerar sua expansão daqui para frente, e a parceria com o fundo soberano QIA é a estratégica para nova essa empreitada do grupo.

Com um faturamento global de R$ 32,2 bilhões em 2015, o mercado halal representava uma receita de US$ 2 bilhões para a BRF. “Com essa aquisição, passa para US$ 3 bilhões”, disse Borges. Desde 2013, segundo o executivo, a BRF já investiu cerca de US$ 1 bilhão (incluindo essa aquisição) para crescer no segmento halal. 

No ano passado, a BRF adquiriu uma planta na Malásia e, desde o fim de 2014, opera no Oriente Médio com uma fábrica própria, construída do zero, em Abu Dabi. A BRF também adquiriu nos últimos meses distribuidoras para expandir sua atuação nesse segmento. O mercado de alimentos e bebidas halal movimenta cerca de US$ 1,2 trilhão por ano, segundo o executivo, citando dados da Euromonitor. 

Estrutura. A divisão de carnes da BRF voltadas para o mercado muçulmano era mais conhecida como Sadia Halal - a marca brasileira tem forte tradição no mundo árabe. Há seis meses, contudo, a BRF começou a se estruturar para criar uma subsidiária para atuar neste segmento. Desde o início da semana passada, a Onefoods passou a operar com esse fim. A sede fica em Dubai e a companhia já nasceu com uma fatia de 45% desse mercado árabe. Fazem parte dessa nova subsidiária oito fábricas no Brasil, uma planta na Malásia, a unidade de Abu Dabi e as novas plantas adquiridas da Banvit - cinco fábricas de ração, quatro incubatórios e cinco unidades produtivas.

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Os planos do grupo brasileiro, que é o maior produtor de proteína desse segmento, são fazer uma captação no mercado, seja por meio de oferta pública de ações (IPO, em inglês) ou uma captação privada (“private placement”), que pode incluir a entrada de novos sócios. Fontes informaram à agência Reuters, na semana passada, que a Onefoods busca levantar US$ 1,5 bilhão no mercado. Sobre o assunto, Borges não quis comentar qual será a estratégia do grupo. Essa é uma decisão que deverá ser tomada nos próximos 90 dias.

Segundo Borges, caso seja feita uma oferta pública de ações, o fundo QIA vai migrar sua participação na joint venture para a companhia. 

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