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Ao comprar o finado Econômico, BTG pode ficar com ‘mina de ouro’

Segundo fontes de mercado, carteira recuperável do banco é bilionária e muito superior ao valor das dívidas da instituição

Foto do author Cynthia Decloedt
Por Cynthia Decloedt (Broadcast)
Atualização:

A aquisição do Banco Econômico (Besa), em liquidação extrajudicial, pelo BTG está sendo vista como um bom negócio no mercado, apurou o Estadão/Broadcast. No processo de intervenção de 1995, que culminou na liquidação extrajudicial, bens e ativos do banqueiro Calmon de Sá foram bloqueados para o ressarcimento das dividas do banco. Esses ativos devem ser liberados assim que as dívidas do Besa forem pagas, quando encerrada a liquidação extrajudicial, e, havendo sobra, retornar aos acionistas: a família Calmon e o BTG, que será acionista.

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Além disso, como aconteceu quando da aquisição do Banco Bamerindus, em 2014, o BTG poderá utilizar créditos tributários. Fontes afirmam que a carteira de crédito do Econômico inclui bilhões de reais em títulos devidos pelo Tesouro, envolvendo precatórios, Fundo de Compensações de Variações Salariais (FCVS) e ações contra o Banco Central. Em FCVS, a carteira somaria cerca de R$ 10 bilhões, sendo R$ 8 bilhões referentes a causas ainda não ganhas.

“Essa é uma liquidação superavitária pelos ativos que têm, muito superiores às dívidas, uma mina de ouro”, comenta uma fonte que preferiu não aparecer na reportagem. Conforme informou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o BTG, por meio de sua área de Special Situations, se comprometeu a adquirir o controle acionário do Banco Econômico, bem como de suas subsidiárias. O valor do negócio não foi divulgado. Procurado, o BTG não comentou.

A conclusão da operação está, de acordo com o BTG, condicionada a determinadas condições, dentre elas a cessação do regime de liquidação extrajudicial do Besa e à obtenção de todas as aprovações regulatórias necessárias, inclusive do Banco Central do Brasil e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

O Banco Econômico informou que seus acionistas controladores pedirão ao liquidante a convocação de assembleia geral de acionistas para deliberar sobre uma proposta de aumento de capital da companhia. O objetivo é o de possibilitar o levantamento do regime de liquidação da instituição, decretado em 1996.

O ativo hoje é controlado pela IEP Itapiracem Empreendimentos e Participações, pela Vitória Empreendimentos e Serviços e pela Aratu Empreendimentos e Corretagem de Serviços. As três firmas baianas e relacionadas à família Calmon de Sá se comprometeram a vender suas participações ao BTG.

O BTG Pactual herdará ativos do grupo baiano Calmon de Sá após aquisição do Banco Econômico (Besa) Foto: BTG Pactual/ Divulgação

A aquisição das ações do banco vem como um desdobramento da operação realizada pelo BTG, em setembro do ano passado, que venceu leilão realizado pelo Banco Central e pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) de uma carteira de crédito do banco.

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O lance foi de R$ 937 milhões, valor mínimo do leilão. Conforme comunicado que acompanhou o leilão, o Econômico detinha mais de R$ 14 bilhões em dívidas, sendo R$ 12 bilhões de credores que têm direitos a receber do banco.

História

O Banco Econômico, fundado em 1834 com sede em Salvador, foi uma dos bancos que quebraram na esteira do Plano Real, em 1995. Com a adoção das políticas anti-inflacionárias, o banco passou a enfrentar dificuldades. Houve uma tentativa de Grupo Ultra, Odebrecht e Mariani de salvamento do banco.

Mas o Banco Central acabou intervindo na instituição, por conta de indícios de fraude e desvio de recursos para empresas para beneficiar campanhas de vários políticos brasileiros. O banqueiro Calmon de Sá teve seus bens e contas bloqueados. Na ocasião da intervenção, o Econômico tinha 900 mil clientes e 276 agências.

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