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BTG compra empresa de cabos submarinos da Oi por R$ 1,7 bilhão

Acordo faz parte da estratégia da empresa de telecomunicações de vender ativos para reduzir seu endividamento, que em março chegava a R$ 27,5 bilhões 

Por Monica Ciarelli (Broadcast), Rodrigo Petry e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

A Oi anunciou nesta segunda-feira mais uma leva de venda de ativos, que vão reforçar seu caixa em cerca de R$ 2,5 bilhões. O maior negócio foi a venda da GlobeNet, empresa de cabos submarinos, a um fundo do BTG Pactual por R$ 1,745 bilhão. A empresa também repassou para a SBA Torres Brasil, por R$ 686,7 milhões, os direitos de exploração de 2.113 torres de telefonia.

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As vendas fazem parte da estratégia já anunciada pela Oi de sair de segmentos menos rentáveis e tentar reduzir seu endividamento. Desde dezembro, já foram negociados ativos avaliados em cerca de R$ 4 bilhões.

No caso do BTG, é o segundo grande negócio na área de infraestrutura anunciado em pouco mais de um mês. Em junho, o banco anunciou um acordo para a compra de 50% da Petrobrás Oil & Gas, que reúne os ativos da estatal brasileira de petróleo na África, por US$ 1,525 bilhão. Foi criada ainda uma joint venture entre BTG e Petrobrás para a exploração de petróleo no continente africano.

Segundo fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a transação anunciada ontem inclui a transferência para o fundo BTG Pactual YS Empreendimentos e Participações de um "sistema de cabos submarinos de fibra ótica de 22,5 mil km detido pela GlobeNet, composto por dois anéis de cabos submarinos protegidos, interligando pontos de conexão entre Estados Unidos, Ilhas Bermudas, Colômbia, Venezuela e Brasil".

Fôlego. A notícia da venda dos ativos da Oi foi bem recebida pelos investidores por dar mais fôlego financeiro ao grupo. As ações ordinárias (ON) fecharam com alta de 9,89% e as preferenciais (PN), com valorização de 9,88%.

No mercado, a estratégia de desinvestimento da companhia é considerada positiva. Mas, alertam analistas, os recursos não garantem o pagamento em agosto da antecipação dos dividendos de 2013, que somaria R$ 1 bilhão, mas está condicionado a uma redução do endividamento em relação à geração de caixa (Ebitda).

A política de remuneração dos acionistas prevê que o pagamento só seja feito quando a relação entre a dívida líquida e o Ebitda ficar abaixo de 3 vezes. No resultado do primeiro trimestre, essa relação ultrapassou o limite ao ficar em 3,05 vezes. A dívida líquida ao final de março era de R$ 27,495 bilhões.

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A Oi já deixou claro que a definição sobre os dividendos só levará em conta a relação entre dívida/Ebitda do segundo trimestre. Ou seja, qualquer reforço de caixa futuro não entra nesse cálculo.

Para analistas, a Oi poderia optar também por postergar os dividendos, priorizando a amortização do principal da dívida e seu custo financeiro. "A situação financeira da empresa está desbalanceada pelo desejo dos sócios de tirar o máximo de dividendos. O mercado está certo de que essa situação é insustentável", diz o analista da Gradual Investimentos, Flavio Conde.

Apenas as recentes vendas superam em mais da metade o valor de mercado em bolsa da Oi, de cerca de R$ 5,8 bilhões, segundo os cálculos de Conde. "A empresa está transformando ativos imobilizados em dinheiro vivo para reduzir seu endividamento", concluiu. Apenas em 2013, as ações ON e PN da Oi se desvalorizaram mais de 50%.

Eduardo Tude, da consultoria Teleco, avalia que a venda de ativos é positiva para a companhia ganhar mais fôlego financeiro visando viabilizar investimentos em segmentos estratégicos, como os serviços de banda larga fixa e tecnologias 3G e 4G. "É importante focar em segmentos mais rentáveis para não perder espaço para a concorrência em cidades mais lucrativas." 

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