
15 de outubro de 2015 | 05h00
O BTG Pactual, por meio de seu braço de private equity (que compra participações em empresas), está saindo aos poucos de companhias em que investiu. O banco chegou a um acordo com os acionistas da Bravante (ex-Brasbunker), operadora de apoio marítimo para plataformas de petróleo, reduzindo sua participação de 47% para cerca de 10%. O advogado Fábio Carvalho, presidente da varejista carioca Casa & Vídeo, tornou-se sócio da companhia.
Pelo acordo, a família Nascimento, que hoje é a maior acionista da Bravante, fica com 50% do negócio. Os outros 50% ficarão com um conjunto de acionistas - o fundo de private equity administrado pelo BTG, o FIP Brazil Oil & Gas e Carvalho. O empresário, especializado em reestruturação de empresas, com passagem pela consultoria Alvarez & Marsal, e sócio da Casa &Vídeo, com 49% do negócio, deterá 66% do total do conjunto de acionistas, apurou o Estado. O valor do negócio não foi divulgado.
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Quando o BTG anunciou, nos últimos meses, que iria diluir sua participação na Bravante, empresa que também atua no setor de transporte marítimo de combustível, a família Nascimento não digeriu bem a saída do banco, que entrou em 2010 como investidor na empresa. Após intensas negociações, esse acordo foi fechado. A Bravante, assim como muitas empresas que atuam no segmento de óleo e gás, passa por um momento delicado. Endividada, a companhia precisa de uma ampla reestruturação de seus negócios, segundo fontes.
Fábio Carvalho, um dos responsáveis pela reestruturação da Casa & Vídeo (empresa que entrou em recuperação judicial em 2009 e teve problemas com a Polícia Federal em 2008 por sonegação fiscal), tornou-se sócio da Casa & Vídeo depois de tirar a empresa da lona. Muito próximo ao BTG, agora Carvalho, como sócio, tem o desafio de reestruturar a Bravante. Fontes afirmam que ele terá muitos problemas pela frente.
Procurados, BTG e Carvalho não comentam o assunto. Nenhum porta-voz da Bravante retornou os pedidos de entrevista.
Revisão de estratégia. Nos últimos meses, o BTG tem adotado a estratégia de sair de algumas das empresas em que investiu - em parte para realização de lucro, como foi o caso da Rede D’Or, que teve a injeção de R$ 1,7 bilhão do fundo americano Carlyle e outros R$ 3,2 bilhões do fundo soberano GIC, no primeiro semestre deste ano. No fim do ano passado, o fundo de participações do banco também vendeu sua fatia em uma concessionária espanhola de túneis à empresa francesa de private equity Ardian por ¤146,45 milhões.
Por outro lado, segundo fontes, o banco de André Esteves quer tirar o pé de empresas consideradas problemáticas. A Bravante é o caso mais recente, uma vez que sofre com a crise do setor de óleo e gás, agravada com a Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobrás.
Neste ano, o banco contratou a consultoria de Enéas Pestana, ex-presidente do Grupo Pão de Açúcar, para reestruturar duas de suas grandes apostas - a BR Pharma, terceira maior rede de farmácias do Brasil, e a Leader, varejista voltada para a classe C. O banco não descarta vender uma parte ou sair desses dois negócios no futuro.
O banco também estaria tentando encontrar uma solução para a Estre Ambiental, de tratamento de resíduos, que tem problemas financeiros.
Na endividada Oi, quarta operadora de telefonia do País, na qual fez aporte em 2014, o banco conseguiu diluir sua participação neste semestre, quando a companhia se tornou uma empresa de capital pulverizado. Mas ainda está em busca de um sócio estratégico para sair de vez do negócio. O Estado apurou que há conversas em andamento com o fundo russo LetterOne.
O banco, por meio de sua área de “merchant banking”, que administra participações em empresas, fez pesadas compras entre 2010 e 2012, com o crescimento do consumo no País.
Mudanças no Itaú. Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, Jean-Marc Etlin, vice-presidente do Itaú BBA, anunciou sua saída do banco de investimento por motivos pessoais. Com uma trajetória de 20 anos em bancos de investimento, Etlin teve passagens pelo JP Morgan e pelo UBS. O executivo, que foi responsável pela estruturação do Itaú BBA a partir de 2005, deverá permanecer no cargo até o fim do ano. Procurado, o banco não informou quem deverá substituí-lo.
Fontes afirmaram ao Estado que Etlin já tinha tomado essa decisão em fevereiro e conversado com cúpula do banco.
O Itaú BBA está entre os mais atuantes no País em processos de fusões e aquisições. Com a crise, o volume dessas operações tem registrado queda expressiva de forma geral. O banco pretende expandir sua atuação para países latino-americanos, mas vê o Brasil como principal mercado na região.
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