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BYD vê Brasil como principal mercado para os ônibus elétricos fora da China

Montadora chinesa, que já é mais valiosa do que a GM, projeta rápido crescimento do mercado de ônibus no País, mas está de olho também nos segmentos de carros de passeio e de painéis solares; fábrica local vai abastecer a América Latina

Por Andre Jankavski
Atualização:

A montadora chinesa BuildYourDreams (BYD) tem chamado a atenção do setor automotivo com a venda de seus carros elétricos. No primeiro semestre deste ano, a montadora vendeu quase 155 mil veículos em todo o mundo, um aumento de 154% em relação ao mesmo período de 2020. O valor de mercado da companhia já ultrapassa os US$ 100 bilhões, acima de montadoras consagradas como a General Motors

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Por aqui, a empresa está de olho em aumentar a sua frota de ônibus elétricos como primeira parte do plano de expansão, que também contempla caminhões e carros de passeio.

A empresa está desde 2013 no País, onde já investiu US$ 150 milhões. A maior parte do dinheiro foi para a sua planta de Campinas (SP), com capacidade para produzir 2 mil chassis de ônibus por ano. A entrega mais recente da companhia chinesa foi de 12 ônibus articulados para São José dos Campos (SP), cidade para a qual o grupo também já havia fornecido toda a frota de carros da Guarda Civil Municipal. 

Marcelo Von Schneider, da BYD, diz que a empresa está disposta a investir mais no País. Foto: Denny Cesare/Estadão - 21/9/2021

“A entrega desses ônibus é um marco por ser um veículo 100% produzido no Brasil”, afirma Marcello Von Schneider, diretor institucional e responsável pela unidade de ônibus da BYD Brasil. “Vemos o mercado de ônibus no Brasil com potencial de ser o maior do mundo fora da China.” 

No total, a BYD forneceu 60 ônibus elétricos para governos e prefeituras em todo o País. Parece pouco, mas o Brasil só tem 350 ônibus movidos a eletricidade, sendo a maioria deles trólebus – que são alimentados por meio de uma rede de fios instalada no trajeto percorrido pelo veículo. No caso do ônibus elétrico da BYD, o “abastecimento” é feito diretamente em postos de recarga. Segundo o executivo, os veículos possuem autonomia de 250 quilômetros e são carregados completamente de 3 a 4 horas. “Isso atende a 90% das frotas urbanas das cidades brasileiras”, diz ele. 

A BYD enxerga potencial para o País ter até 10 mil ônibus elétricos nos próximos anos. Como a ideia é também utilizar a fábrica do Brasil para exportar para países da América Latina, uma expansão da planta está nos planos. “Temos bastante apetite para investimentos. A tomada de decisão dos chineses costuma ser muito rápida”, diz.

Von Schneider se apoia na aceleração da transição de veículos de combustão para os elétricos e no fato de que o poder público vai ser o primeiro protagonista dessas mudanças – e que também terão os maiores cheques. 

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Outras empresas também estão entrando na briga. No fim de agosto, por exemplo, a Mercedes-Benz anunciou o desenvolvimento e a produção no País do seu primeiro chassi de ônibus elétrico. Hoje, a líder do setor é a brasileira Eletra, que possui quase 300 ônibus elétricos circulando no Brasil, segundo a consultoria E-Bus Radar

Além do ônibus

Apesar de estar de olho nos ônibus, a BYD começará a importar mais veículos de passeio. Em 2022, a empresa venderá de maneira direta (sem concessionárias) dois veículos: o SUV Tang e o sedã Han. Recentemente, a empresa também fechou um acordo com o governo de São Paulo para fabricar 14 trens que serão utilizados na futura linha 17 do monotrilho. 

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Para dar conta da demanda, a companhia vem investindo desde 2019 em uma fábrica de baterias e de painéis solares em Manaus, de olho no aumento da demanda por energia solar em residências e estabelecimentos comerciais. “Vamos fabricar o painel mais tecnológico do mundo, que produz 650 megawatts de energia no pico, enquanto a média hoje é de 400”, afirma.

Para o consultor da ADK Automotive, Paulo Garbossa, o movimento da BYD vai continuar sendo visto em montadoras de todo o mundo. Mas a atual crise hídrica pode representar uma grande barreira para essas empresas. “Trata-se de um movimento sem volta, mas fica a dúvida se teremos uma base energética para dar conta de tudo”, afirma Garbossa. 

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