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Cade aprova compra da Medley pela Sanofi-Aventis

Negócio entre as maiores empresas do País de medicamentos de marca e genéricos foi aprovada com restrições

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast) e da Agência Estado
Atualização:

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta quarta-feira, 19, a aquisição entre a maior empresa de medicamentos de marcas e a maior companhia de remédios genéricos do País. A compra da Medley pelo grupo francês Sanofi-Aventis, foi acompanhada, no entanto, de um Termo de Compromisso de Desempenho (TCD), em que as empresas se comprometerão a vender os medicamentos Lopigrel, Digedrat e Peridal, todos da Medley para outras empresas para evitar alta concentração nesses segmentos de mercado farmacêutico.

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"Dentro do melhor que se pode fazer, alienação desses medicamentos viabilizaria um ou até dois novos players nesse mercado", considerou o conselheiro-relator César Mattos. Para ele, no caso dos medicamentos Plasil e Digesan, por serem marcas internacionais, seria mais complicado haver um "desinvestimento" da produção. Mattos enfatizou que sua proposta leva em conta o aumento da oferta e da diversidade de produtos no mercado e estipulou que a aquisição dos medicamentos citados deve ser feita por empresa que possuem até 15% mercado desse segmento.

O conselheiro Ricardo Ruiz salientou que apesar de o negócio aprovado envolver duas empresas líderes de seus respectivos mercados, nenhuma delas detém 50% ou 60% de market share. "Em alguns casos atinge 30%, mas o dominante é abaixo desse patamar. Além disso, há entre quatro e cinco empresas no setor, há concorrentes ativos que têm capacidade de contestar alguém que está com 30%", considerou Ruiz.

Mattos salientou que buscou uma decisão que tivesse viabilidade prática. "A despeito de a maior empresa de marcas estar comprando a maior empresa de genéricos, teríamos uma desproporcionalidade na alternativa de venda da marca Medley. Acho que não seria o caminho adequado de seguirmos", considerou. Ele fez questão de enfatizar também que a origem do capital, já que a Sanofi é francesa, não influenciou a análise realizada no ato de concentração. "Não houve nenhum tipo de preconceito. Visitei a fábrica da Medley, sob a gerência da Sanofi e fiquei muito bem impressionado", salientou.

O negócio prevê que a marca Medley continuará a existir no mercado. "Será o maior faturamento da indústria brasileira tanto no segmento de marcas quanto no de genéricos, um negócio significativo", avaliou o relator durante apresentação do voto.

Mattos explicou ainda que a Medley produz 85 subclasses farmacêuticas, enquanto a Sanofi, 96 subclasses. Há, de acordo com ele, sobreposição de 42 subclasses farmacêuticas, mas com apenas 14 delas a participação é superior a 20% com sobreposição horizontal. "A questão de patentes não é relevante para o presente caso, visto que há somente três da Sanofi, mas em nenhum desses 14 mercados", considerou o conselheiro.

Com a aquisição, as empresas terão 11,9% do market share geral brasileiro. "Não é à-toa que tivemos de aprofundar mais a análise", disse o relator, que produziu mais de 200 páginas para detalhar o assunto. O conselheiro comentou que esse tipo de operação entre empresas do setor não é um movimento apenas nacional e que está ocorrendo em outros países. "Laboratórios de marcas estão comprando empresas de genéricos", salientou.

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