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Cade aprova compra do Grupo Abril por empresário Fábio Carvalho

Grupo que publica revistas Veja, Exame e Cláudia está em recuperação judicial; na avaliação do órgão antitruste, não haverá impacto significativo para a concorrência

Foto do author Lorenna Rodrigues
Por Lorenna Rodrigues (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta terça-feira, 8, a compra do Grupo Abril pela Calvary Investimentos, empresa controlada pelo empresário Fábio Carvalho. Em recuperação judicial desde o ano passado, o grupo, que publica revistas como Veja, Exame e Cláudia, foi comprado em dezembro pelo investidor, especializado em empresas em crise financeira.

A aprovação se deu em rito sumário, ou seja, a área técnica não julgou necessário submeter o negócio ao tribunal do Cade e não foram impostas restrições. "A superintendência-geral conclui que a presente operação não tem o condão de causar prejuízos à concorrência nos mercados de atuação das partes no Brasil", afirma o despacho do órgão.

Grupo Abril tem uma dívida total de aproximadamente R$ 1,6 bilhão Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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O Cade identificou que a operação poderia resultar em concentração no mercado de serviços de distribuição de encomendas, já que a Abril é dona da empresa Total Express, enquanto Carvalho detém participação na empresa CEV, que atua com vendas online. O órgão, no entanto, concluiu que esse mercado é pulverizado e a participação das duas empresas somadas é inferior a 20% e, dessa forma, não haveria impacto significativo para a concorrência.

A aprovação do Cade é um dos passos necessários para que Carvalho assuma o Grupo Abril. Carvalho comprou 100% da empresa pelo valor simbólico de R$ 100 mil, já que assumiu uma dívida de R$ 1,6 bilhão. O executivo é sócio das varejistas Leader e Casa & Vídeo e vai assumir a presidência da editora.

A Abril pediu recuperação judicial e iniciou uma reestruturação capitaneada pela consultoria americana Alvarez & Marsal, que assumiu o comando da empresa. No fim do ano passado, Carvalho disse, em entrevista ao Estadão, que pretende injetar R$ 70 milhões na empresa para estabilizar o negócio no curto prazo.

A consultoria Alvarez&Marshal, no entanto, concluiu que a dívida da empresa é impagável e estruturou um plano de recuperação judicial que prevê desconto de 92% nos débitos, com 18 anos para pagamento. As dívidas trabalhistas estão fora desse patamar de desconto, pois têm prioridade legal.

Cerca de R$ 1,2 bilhão da dívida total está nas mãos dos grandes bancos. Carvalho já assumiu negócios em dificuldades que pertenciam ao BTG, como a Leader e a Bravante, de logística marítima.

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Nos últimos anos, a Abril deixou de publicar revistas e reduziu custos com a saída de sua tradicional sede, em São Paulo (SP) e a demissão de 800 funcionários em agosto. Além da editora, o Grupo Abril ainda tem serviços de radiodifusão e TV e empresas de distribuição e logística.

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