Ribeirão Preto, 25 - A produção de cana-de-açúcar no Nordeste na safra 2004/2005 deve superar 60 milhões de toneladas, um aumento de pelo menos 10% em relação à passada, que foi de 55 milhões de toneladas. Estimativas mais otimistas garantem que esta safra nordestina chegará a 63 milhões de toneladas. A produção de açúcar na região, que representa 15% do total colhido de cana no Brasil, deve atingir, em 2004/2005, 4,6 milhões de toneladas, um aumento de 5% em relação à safra passada. Deste total produzido em açúcar, 56,5%, ou 2,6 milhões de toneladas deve ser exportado. Já a produção de álcool no Nordeste nesta safra ficará entre 1,72 bilhão e 1,75 bilhão de litros, sem aumentos previstos ante 2003/2004. Ao contrário da safra no Centro-Sul, o corte da cana e a moagem começam entre o final deste mês e seguem até o final do primeiro trimestre de 2005 nas cerca de 90 unidades processadores nordestinas. Os principais estados produtores do Nordeste são, nesta ordem, Alagoas, Pernambuco e Paraíba, os dois primeiros, com produção destinada prioritariamente para a produção do açúcar e o no último com 85% do total de cana colhido transformado em álcool em virtude do seu parque de unidades possuir mais destilarias. As chuvas que atingiram o Nordeste neste ano, além de investimentos em irrigação em algumas regiões e financiamentos para a recuperação de lavouras em outras, são os principais motivos para o aumento na produção de cana no Nordeste. "Além disso, houve recuperação gradativa dos preços nos mercados interno e externo, o aumento do consumo de álcool e a crescente demanda do produto no mercado internacional. Essas fatores também incentivam a recuperação do setor", disse José Inácio de Morais vice-presidente da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida). Já o presidente do Sindicado da Indústria do Açúcar e do Álcool em Pernambuco (Sindiaçúcar), Renato Cunha, afirma que o aumento na produção de açúcar e de cana no Nordeste logo após a vitória do Brasil no contencioso contra a União Européia na Organização Mundial do Comércio (OMC) não traz euforia para os produtores locais. "Nós procuramos trabalhar nesse momento com um planejamento de produção e de abastecimento do mercado nacional. Achamos que essa decisão da OMC, por ser preliminar, não pode ser comemorada com tanta euforia", explicou Cunha. (Gustavo Porto)