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Carnes: missão para negociar com governo russo viaja amanhã

Por Agencia Estado
Atualização:

São Paulo, 17 - Uma comissão formada por membros da Abiec , Abef e Abipecs e por técnicos do governo brasileiro está partindo para Moscou amanhã à noite. A expectativa é de que este grupo se encontre já na terça-feira com os técnicos do governo russo para tentar reverter a situação e terminar com o embargo. Cálculos do governo mostram que as perdas diárias com o embargo são de US$ 4 milhões, sendo US$ 2 milhões para o setor de suínos, US$ 1 milhão para o setor de carne bovina e US$ 1 milhão para o frango. A Rússia importou do Brasil em 2003 um volume de 600 mil toneladas de carnes em geral, gerando uma receita de US$ 580 milhões. A expectativa para 2004 era de compras russas de 640 mil t, crescimento de 7%, e uma receita de US$ 800 milhões, um aumento de 27,5%. Agora, com o embargo, as importações russas devem atingir 440 mil toneladas e a receita ficar em US$ 550 milhões. "A Rússia foi precipitada em sua decisão e tentaremos reverter esta situação", disse o ministro interino da Agricultura, José Amaury Dimarzio. Ele disse que, se o embargo russo imposto aos produtos de origem animal do Brasil durar os dois meses que o embargo anterior durou, o prejuízo para o País irá atingir os US$ 250 milhões, deixando de vender perto de 200 mil toneladas de carne bovina, suína e de aves. Em agosto de 2004, o Brasil foi o maior exportador de carne bovina e suína para a Rússia e um dos primeiros de carne de frango. Dimarzio informou ainda que o embargo começa a valer a partir de segunda-feira e foi imposto porque o governo russo considerou o Brasil uma região de instabilidade de epizootias, ou seja, de ocorrência de vários focos de aftosa. Segundo ele, isto denota a falta de conhecimento do agronegócio brasileiro. "O foco do Pará, registrado no primeiro semestre, e este registrado agora no Amazonas aconteceram em regiões que ainda não são reconhecidas como área livre de aftosa e, portanto, não exportam", disse. O ministro interino disse que, à medida que o combate à aftosa for sendo intensificado nestas áreas no Norte e Nordeste, irão surgir novos focos, fruto do maior controle. Analistas do setor dizem, contudo, que a decisão da Rússia pode ter um viés comercial. Na próxima semana, haverá um leilão de licença de importação de carnes que devem procurar vendedores para 55 mil toneladas de carne suína e 42 mil t de carne bovina. Os preços da carne bovina brasileira estão se recuperando no último ano embora ainda estejam competitivas em relação aos demais exportadores. Já a carne suína do Brasil está com preço mais elevado que os concorrentes e este embargo, segundo analistas, pode ser uma estratégia para derrubar as cotações. Outros analistas lembram que a Rússia quer ser integrada a OMC o mais rápido possível e ser exportador de trigo é um fator importante para ser incluída. Segundo Dimarzio, o Brasil vai acenar com a possibilidade de importar trigo da Rússia mesmo que no momento a Rússia não tenha estoque para vender. Nas palavras de um analista, mais que exportar trigo efetivamente para o Brasil, a Rússia está procurando pelo status de importador. Dimarzio informou também que o orçamento da Defesa Agropecuária para 2005 deve chegar aos R$ 140 milhões ante R$ 112 milhões estimados para 2004 e R$ 60 milhões de 2003. Apenas no convênio com os órgãos estaduais, o orçamento vai passar de R$ 33 milhões em 2004 para R$ 100 milhões em 2005. "Este esforço visa acabar com a aftosa no Brasil até 2006", disse ele.

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