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Carnes:suposto embargo de carne pela Austrália é ridículo, diz CNA

Por Agencia Estado
Atualização:

Brasília, 29 - O presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, classificou como "ridículo" o rumor de que a Austrália teria suspendido as importações de carne do Brasil. A Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura não foi notificada de um possível embargo. Veterinários da Secretaria e o representante do fórum lembram que o Brasil não comercializa carne com a Austrália, que é auto-suficiente. "Não exportamos uma grama de carne para a Austrália. Não temos acordo comercial para esse tipo de venda com eles. É ridículo", comentou Nogueira. Para ele, um possível embargo da Austrália deve ser classificado como retaliação comercial. "Os australianos estão bravos porque tomamos o lugar deles no ranking mundial de maiores exportadores de carne bovina", comentou. "Eles querem chamar atenção de outros importadores de carne do Brasil e prejudicar nosso comércio", comentou. Desde 2003, o Brasil ocupa o posto de maior exportador mundial de carnes, lugar até então ocupado pela Austrália. Os Estados Unidos ocupam a terceira colocação. No ano passado, as exportações brasileiras de carne bovina somaram 1,3 milhão de toneladas em equivalente carcaça (sem osso) e renderam US$ 1,5 bilhão ao País, números superiores aos da Austrália. Um período de seca nas regiões australianas de produção resultou na redução do rebanho. Para 2004, a CNA estima, com base em indicações do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que a Austrália vai exportar 1,3 milhão de toneladas de carne bovina, especialmente para Japão e Coréia do Sul, mercados ainda inacessíveis para o Brasil. Os números mais recentes indicam que as exportações de carne bovina da Austrália somaram 1,07 milhão de toneladas no acumulado do ano até outubro. Para efeito de comparação, em igual período o Brasil vendeu 1,504 milhão de toneladas de carne bovina, comércio que rendeu US$ 2,02 bilhões. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) informou na primeira quinzena de dezembro que as exportações de carne bovina em 2004 devem render US$ 2,4 bilhões. Para 2005, a Abiec estima crescimento de 10% no faturamento para US$ 2,64 bilhões. "A Austrália quer é tumultuar o comércio mundial", esbravejou Nogueira. Jornais noticiaram que o governo australiano determinou a suspensão por conta da suspeita, ainda não confirmada, de um foco de febre aftosa no município de Paranhos, no Mato Grosso do Sul. O rebanho de 50 cabeças está isolado, o quadro clínico dos animais não evoluiu (não há sinais de aftas na boca, um forte indicador da doença) e a análise do material genético deve ser concluída na primeira quinzena de janeiro. A fazenda fica na fronteira com o Paraguai. Fontes do Mato Grosso do Sul argumentam que o Ministério da Agricultura deveria agilizar a conclusão da análise do material genético retirado dos animais. "Só assim poderíamos acabar com qualquer suspeita", comentou uma fonte. Os exames estão sendo feitos no Laboratório de Apoio e Referência Animal (Lara), de Belém, Pará. Nogueira avaliou, no entanto, que essa não é a saída. "Não podemos acelerar o processo. A análise precisa ser bem feita", comentou.

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