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Carros de luxo ganham novo patamar

Automóveis menores e mais eficientes ganham o espaço do mercado antes completamente dominado por carros potentes e beberrões

Por Lawrence Ulrich
Atualização:

Dos Cadillacs rabo de peixe até os Hummers do período áureo dos utilitários esportivos, os princípios do luxo automobilístico foram transmitidos de geração em geração como verdadeiros mandamentos: sempre maiores, mais potentes e mais rápidos.

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Mas, diante das novas regulamentações ambientais, as montadoras de carros de luxo estão experimentando um novo conjunto de valores - menores, mais humildes e mais eficientes no consumo de combustível -, que podem chocar os consumidores tradicionais, afeitos às chamadas "banheiras".

A redução nas proporções é a grande moda entre os carros de luxo, desde carrocerias mais leves até motores menores, de quatro cilindros, muitos deles híbridos ou elétricos.

O notável Range Rover Evoque, da Land Rover, é o mais leve utilitário esportivo Rover de todos os tempos, além de apresentar o melhor rendimento por litro de combustível. Movido por um motor turbo de quatro cilindros em lugar do pesado V-8, o Evoque apresentou rendimento de 13 km/l nas estradas federais.

A Lexus anuncia o seu CT 200h como o primeiro hatch híbrido e compacto de luxo de todo o mundo. A BMW planeja começar o leasing de pequenos números do seu Active E, uma versão totalmente elétrica do seu cupê 1 Series, nos mercados urbanos. Pequenos sedãs, esportivos utilitários e hatches estão sendo desenvolvidos por marcas como Cadillac, Mercedes, Lincoln, Porsche e outras.

Sob certos aspectos, a redução generalizada nas dimensões dos modelos que a indústria está oferecendo é uma proposta que teria como alternativa certas consequências. Uma meta nos EUA de rendimento estabelecida em 27 km/l, que deve ser atingida até 2025, além das regras contra a emissão de dióxido de carbono a serem implementadas na Europa, obrigaram as empresas a dedicarem esforços a melhorar o rendimento do combustível.

Mas resta uma pergunta: com o litro da gasolina custando quase US$ 1,50, será que há um número suficiente de americanos dispostos a pagar caro por um carro pequeno? Os carros de luxo menores, muitos deles movidos a diesel, proliferaram na Europa. Mas os americanos nunca compreenderam muito bem a ideia por trás da compra de um carro menor, principalmente quando um maior pode ser comprada por um preço parecido.

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"Ainda estamos na fase experimental", disse Jeff Schuster, diretor de previsões da J.D. Power & Associates. A lista dos mais famosos fracassos no lançamento de carros no mercado americano está repleta de modelos pequenos e de baixo preço. Se os padrões de estilo, potência e complementos forem rebaixados demais, os críticos e compradores americanos logo farejam o cheiro de um impostor.

Fracasso. Nos anos 80, a Cadillac maquiou um velho Chevrolet Cavalier e o batizou de Cimarron. Os consumidores não caíram no truque. A Cadillac vai tentar corrigir este erro com o sedã ATS, um veículo de carroceria justa que chegará ao mercado no ano que vem para concorrer com o BMW 3 Series. A Caddy está também desenvolvendo um híbrido compacto recarregável nas tomadas que tem como base o sistema do Chevrolet Volt.

Schuster destaca que, em comparação com os modelos dedicados aos ascendentes sociais do passado - versões obviamente remarcadas de modelos comuns -, as novas versões tendem a ser sofisticadas, apresentando design próprio. O sucesso do Mini, da BMW, também ajudou a tornar o mercado mais seguro para carros de luxo menores.

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A alemã Mercedes, por exemplo, há muito restringiu as importações do seu hatch Classe A e da sua minivan Classe B aos mercados estrangeiros, suspeitando que o público americano rejeitaria carros tão práticos e pouco sedutores. Mas a empresa agora promoveu uma reforma radical nesses carros, tendo em mente o gosto dos americanos.

Os números do setor são promissores. A J.D. Power prevê que a venda de carros pequenos de luxo vai chegar a 450 mil unidades em 2015, em comparação com as 100 mil vendidas em 2005. Os modelos muito pequenos devem ser vendidos numa proporção de um para cada cinco carros de luxo, o que significa um aumento frente à relação de um para cada 20, em 2005. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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