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Cazaquistão pede US$10 bi por atraso em obra petrolífera

Por RAUSHAN NURSHAYEVA
Atualização:

O Cazaquistão quer mais de 10 bilhões de dólares de um consórcio liderado pela italiana Eni como compensação pelo atraso no desenvolvimento do campo petrolífero de Kashagan, no Mar Cáspio, informou um representante do governo a Reuters, nesta terça-feira. O governo do país suspendeu as obras por completo no campo de Kashagan em 27 de agosto devido a um problema de atrasos no início da produção de petróleo e por causa de custos excedidos pelo consórcio no desenvolvimento de uma das maiores descobertas petrolíferas dos últimos trinta anos. Quando perguntado pela quantia que o governo pediria como indenização, o vice-ministro das Finanças, Daulet Yergozhin, disse que seria "certamente mais de 10 bilhões de dólares". Ele avisou ainda que o número pode aumentar. "Estamos fazendo os cálculos agora porque pode haver um impacto no crescimento da economia, no valor bruto da produção doméstica. Assim, pode acontecer uma reação em cadeia", afirmou. Essa declaração foi feita um dia antes do prazo limite para o fim do diálogo entre os dois lados. Yergozhin afirmou que uma delegação com representantes do consórcio irá ao Cazaquistão para negociações na quarta-feira . A Eni, em Milão, não quis se manifestar sobre o assunto. O Cazaquistão acusou o consórcio de violar leis ambientais. O caso lembra a disputa da Rússia com a Royal Dutch Shell, envolvendo alegações de infrações ambientais que culminaram com o fim do controle da empresa sobre o projeto petrolífero Sakhalin-2. Yergozhin negou que a disputa é parte de um ataque contra investidores ocidentais. "Há muitos exemplos no Cazaquistão de investidores que se conformaram com a lei e estão trabalhando normalmente", afirmou. "A solução é clara. Conformem-se com a lei e a ética do negócio que tudo vai ficar bem." O campo de Kashagan, com reservas estimadas em 38 bilhões de barris de petróleo, é peça central dos planos do Cazaquistão de triplicar sua produção de petróleo até 2015, num momento em que o ex-Estado soviético rapidamente se consolida como uma nova fonte da commodity fora do grupo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Yergozhin afirma que as autoridades fiscais do Cazaquistão têm uma série de questões não respondidas sobre os pagamentos de impostos do consórcio e estão conduzindo uma auditoria. O início da produção do campo foi adiada para o segundo semestre de 2010, ante a meta inicial de começo da operação em 2005. Os custos já subiram de 57 bilhões de dólares para 136 bilhões de dólares, segundo o ministério de Energia do Cazaquistão. "A questão não é sobre o dinheiro", disse o vice-ministro. "Não vemos como esse projeto poderá se desenvolver mais. A questão é sobre seus acionistas. Sobre os erros do operador e sobre os erros de todos os participantes."

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