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Após pagar R$ 1,7 bi, grupo chinês HNA vira maior acionista da Azul

Negócio com a dona de 14 companhias na Ásia, África e Europa, avaliou a terceira maior companhia do setor no País (atrás de TAM e Gol) em R$ 7 bilhões; para reforçar o caixa da Azul e acomodar a HNA, demais sócios tiveram suas fatias no negócio diluídas

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Por Redação
Atualização:

(Texto atualizado às 20h41)

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O grupo chinês HNA, dono de 14 companhias aéreas na Ásia, África e Europa, se tornou o maior acionista da brasileira Azul, com um aporte de R$ 1,7 bilhão em troca de uma participação de 23,7% na companhia. O negócio representa uma injeção de capital para a Azul em um momento de crise na aviação brasileira e avalia a companhia em R$ 7 bilhões.

A negociação envolveu um aumento de capital e o dinheiro captado vai para o caixa da empresa. Esses recursos serão usados para o financiamento de aeronaves, pagamento de dívidas de curto prazo e investimentos em produtos e serviços.

Segundo o presidente da Azul, Antonoaldo Neves, nenhum dos atuais acionistas da empresa vendeu suas ações. Com o aporte da HNA, suas participações acionárias foram diluídas. Os maiores acionistas da empresa eram as famílias Chieppe e Caprioli, antigas donas da Trip, empresas que foi adquirida pela Azul em 2012, e o fundo Bozano, com respectivamente 15,69%, 13,36% e 14,25% de participação no capital total da Azul, de acordo com informações apresentadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 2014. O empresário David Neeleman, fundador da empresa, detinha 8,9% da companhia.

Apesar de ter uma fatia minoritária, Neeleman é o controlador da Azul, pois detém 67% das ações ordinárias, com direito a voto. A legislação brasileira proíbe que os sócios estrangeiros das companhias aéreas tenham mais de 20% de suas ações ordinárias. O grupo HNA recebeu ações preferenciais da Azul, sem direito a voto.

Investimento avalia a Azul em mais de R$ 7 bilhões Foto: Paulo Liebert/Estadão

Negociação. Os executivos da Azul souberam que a HNA procurava sócios no Brasil por meio da consultoria de aviação Seabury, que presta serviço para ambas. Neelaman e Neves foram apresentados formalmente aos executivos chineses pela Embraer, que também é fornecedora da HNA, em uma reunião de fomento de negócios entre empresas do Brasil e China, em agosto. No mês seguinte, Neves foi à China para iniciar as negociações, fechadas na semana passada.

Os valores captados pela Azul surpreenderam pelo contexto de crise e por colocarem a empresa em valor superior ao da Gol, que vale R$ 1,22 bilhões, mas têm o dobro da participação de mercado da Azul, afirmou uma fonte do setor . “Isso mostra a competência do David Neeleman em vender o seu peixe e que os chineses têm interesse de longo prazo na Azul.”

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A HNA é um investidor estratégico para a Azul. A companhia poderá trazer sinergias operacionais à empresa, como descontos com a compra conjunta de aeronaves, explicou Neves. “A Azul nasceu com investidores financeiros. Hoje estamos interessados em sócios estratégicos, com interesse de longo prazo, como é o caso da HNA e da United Airlines”, afirmou.

No curto prazo, mais importante do que as sinergias do negócio, a operação traz liquidez para a Azul. “As empresas aéreas brasileiras enfrentam um cenário de crise e de queima de caixa. Neste momento, há uma batalha por liquidez para fortalecer seus balanços”, explica o sócio do consultoria Bain&Company, André Castellini.

A negociação com o grupo HNA poderá elevar a posição de caixa da Azul para R$ 2,5 bilhões, o equivalente a 45% da sua receita em 2014, de acordo com informações de relatório do banco Credit Suisse. Trata-se de uma posição mais forte do que as concorrentes Gol e Latam, que teriam 31% e 15% de suas receitas anuais no Caixa, respectivamente, segundo estimativas do Credit Suisse. “Nesse contexto a Azul se torna mais forte e isso não é uma boa notícia para a Gol ou para a Latam”, escreveram os analistas Felipe Vinagre e Daniel Magalhães.

Todas as empresas aéreas brasileiras estão reforçando seus caixas. “Existe claramente uma preocupação das empresas brasileiras em buscar capital. Com o mercado acionário restrito e crédito caro, a solução tem sido recorrer aos aportes de grupos estrangeiros”, afirmou uma fonte do setor. A Gol recebeu em julho uma rodada de capitalização de seus sócios, a família Constantino e a companhia aérea americana Delta, além de captar empréstimos garantidos pela Delta. Já a Latam anunciou este mês que venderá aviões e atrasará as entregas para economizar US$ 3 bilhões em investimentos até 2018. A própria Azul já tinha captado US$ 100 milhões com a venda de uma participação de 5% à United Airlines em junho e mais US$ 200 milhões em maio em empréstimos do banco chinês ICBC.

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