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Chocolate Hershey vai mudar receita e trocar xarope de milho por açúcar

Empresa deve ser a primeira da indústria de alimentos a substituir o xarope com alta concentração de frutose, que tem fama de incentivar ganho de peso e a diabete

Por Candice Choi
Atualização:
Hershey vai mudar receita dos chocolates Foto: AP

NOVA YORK - A Hershey estuda substituir por açúcar o xarope de milho com alta concentração de frutose em alguns dos produtos da empresa.

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Will Papa, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Hershey Co., disse que a empresa usa uma mistura de açúcar e xarope de milho com alta concentração de frutose em seus produtos, mas está "empregando cada vez mais o açúcar". 

"Levamos em consideração a preferência do consumidor. E o consumidor está nos dizendo que, entre as duas coisas, sua preferência é pelo açúcar", disse Papa.

A mudança para o açúcar pode fazer da Hershey o primeiro exemplo notório de recusa do xarope de milho com alta concentração de frutose na indústria dos alimentos. Muitos dizem evitar o ingrediente porque este tem a reputação de incentivar o ganho de peso e a diabete, embora especialistas em saúde digam que não há evidências o bastante para concluir que esse xarope seja pior que o açúcar.

Em pronunciamento oficial, a Hershey disse que o trabalho de "exploração" da possível substituição do xarope de milho com alto teor de frutose "está em andamento", e não há cronograma para o seu término.

Um representante da Hershey, Jeff Beckman, citou os produtos Almond Joy, Fifth Avenue, Take 5 e York como exemplos de produtos que usam xarope de milho. Ele disse que as clássicas barras Hershey são feitas com açúcar.

"Nosso objetivo é ser transparentes diante dos consumidores em se tratando dos ingredientes que usamos em nossos produtos. Quando tivermos mais informações para compartilhar, voltaremos a entrar em contato", disse a Hershey no pronunciamento.

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Outros produtos que substituíram o xarope de milho com alto teor de frutose pelo açúcar incluem as bebidas Gatorade e os iogurtes Yoplait.

Em se tratando da saúde, a Associação Americana de Medicina disse que não há evidências o bastante para limitar especificamente o uso do xarope de milho. O Centro para a Ciência em nome do Interesse Público, que acompanha a segurança alimentar, também disse que não há evidências indicando que o adoçante seja pior do que o açúcar do ponto de vista nutricional.

A Associação dos Refinadores de Milho, grupo que representa a indústria, tem combatido a percepção negativa a respeito do xarope de milho com alto teor de frutose, geralmente mais barato do que o açúcar. Em 2010, a associação deu entrada numa solicitação à agência americana de vigilância sanitária, FDA, para que o adoçante fosse rebatizado como "açúcar de milho" nos rótulos. O pedido foi negado.

Adoçantes. A associação disse que também pediu às firmas de pesquisa de mercado Mintel e Nielsen um estudo da percepção do público em relação aos adoçantes, compartilhando o resultado na internet. No material divulgado para a mídia, o grupo destaca que "67% dos consumidores concordam que a moderação no consumo é mais importante do que o tipo específico de adoçante".

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John Bode, presidente da Associação dos Refinadores de Milho, disse em entrevista que o número de empresas substituindo o xarope de milho por açúcar está crescendo mais lentamente. Ainda assim, ele disse que o consumo de xarope de milho teve queda mais acentuada que a de outros adoçantes.

Parte do motivo é o fato de o público estar reduzindo o consumo de refrigerantes, produto que corresponde à maior parte do mercado para o xarope de milho.

Em certos casos, ele destacou que empresas voltaram a usar o xarope de milho em lugar do açúcar depois de observarem que as vendas permaneceram iguais. O ketchup da Hunt's passou a usar açúcar em 2010, mas voltou ao xarope de milho em 2012. A porta-voz da ConAgra Foods, Lanie Friedman, disse que a demanda pela versão sem xarope de milho com alto teor de frutose não foi "tão expressiva quanto o esperado". Ela destacou que a empresa ainda oferece um linha de produtos 100% naturais que levam açúcar.

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Entre os membros da Associação de Refinadores de Milho estão as empresas Archer Daniels Midland, Cargill e Tate & Lyle./Tradução de Augusto Calil

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