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'O 5G vai mudar a saúde, a educação e o entretenimento', diz presidente da Vivo

Christian Gebara analisa mudanças e efeitos do novo sistema, que começa a ser instalado no Brasil

Por Sonia Racy
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Maior rede de telefonia do País, com 99 milhões de acessos, a Vivo divide seus esforços, no momento, em dois projetos de peso. Um deles, a implantação do sistema 5G – que começou em dezembro, em rede compartilhada em São Paulo, Rio e Brasília, e entra em fase decisiva em julho. O outro é a integração, de parte do “pacote” da Oi que ela adquiriu em leilão por algo como R$ 5,5 bilhões. Para o CEO da empresa, Christian Gebara, trata-se de uma diversificação do core business da empresa e de sua relação com os assinantes. Em especial o 5G, adverte, “vai mudar a saúde, a educação, o entretenimento”, entre outras coisas.

No início, esse impacto “será mais na internet das coisas”, diz ele nesta entrevista a Cenários. “Na indústria, na agricultura, no varejo, nas cidades inteligentes.” Bacharel pela FGV e graduado em Stanford, com passagens pelo Citibank e pelo JP Morgan em Nova York, Gebara alerta que o Brasil tem ainda “uma corrida do 4G para superar”, na qual “pode reduzir o gap social do País”. A seguir, os melhores trechos da conversa.  

Para Gebara, impacto inicial será maior na 'internet das coisas', como na indústria e na telemedicina. Foto: Vivo

 

Nessa pandemia ouviu-se muito pouco sobre investimentos na área de telefonia. Foi isso mesmo?

Não. Acho que, pelo contrário, o setor teve grande movimentação – e respondeu com um serviço de qualidade. De uma hora pra outra, todo mundo foi pra casa, usou internet de forma permanente, as crianças estudando, os pais trabalhando, o entretenimento era por vídeo, tudo ao mesmo tempo e as redes deram resposta à altura. E no caso da Vivo entramos em processo final de compra da Oi Móvel – entre Vivo, Claro e Tim.

Na prática, o que essa aquisição significou?

Que estamos comprando as torres, os clientes e as frequências. No nosso caso, um valor aproximado de R$ 5,5 bilhões. Criamos uma rede de fibra neutra com o fundo canadense CDPQ. Entramos no leilão do 5G, o maior da história do Brasil, e compramos todas as frequências disponíveis com um investimento também milionário, mais R$ 4,5 ou 5,0 bilhões. Foram dois anos intensos, coisa de R$ 8 ou R$ 9 bilhões. 

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Compraram mas ainda não levaram, né?

A frequência principal do 5G é o 3.5. A gente deve ter essa liberação em breve. 

O que falta pra liberar?

Há uma certa interferência com as parabólicas, tem de ser feita uma limpeza para que elas possam ser usadas no 5G. A expectativa é que a tenhamos até junho. O pagamento já começamos, pra poder levar o 5G no 3.5 até fim de julho. 

Como o 5G vai beneficiar um celular?

Primeiro, ele tem mais velocidade. E também tem latência, que é a resposta na hora, diferente de quando você aperta teclas e fica esperando... E permite vários dispositivos conectados ao mesmo tempo.

Ele também vai acelerar o uso da chamada internet das coisas. Pode explicar?

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Sim, e no início o impacto será mais nessa área. Na indústria, na agricultura, no varejo, nas cidades inteligentes. E com o tempo vão surgir outras funcionalidades. Na saúde, talvez a gente possa ter cirurgias remotas, o cirurgião movimentando aparelhos a distância. 

Já tem gente até falando em 6G. Como ele seria?

É muito cedo pra se falar nisso. Ainda temos, no Brasil, uma corrida do 4G para superar. Ainda precisa de infraestrutura, de digitalização capaz de mudar a vida das pessoas. E a banda larga de ultravelocidade pode, sim, reduzir o gap social do País de um modo bem mais acelerado. 

Seria uma prioridade das empresas ou do governo?

Acho que de ambos. Mas primeiro tem de existir uma regulamentação. A legislação pra instalar antenas 5G vai exigir muito mais antenas e é preciso ter licença pra colocá-las. E tem também a questão de uma tributação de acordo. Na atual, o sujeito paga entre R$ 45 e R$47 de cada R$ 100 reais. 

E como fica a telefonia fixa? Vai desaparecer?

Não. O uso de telefonia fixa está caindo rapidamente, hoje dá menos de 10% das nossas receitas. Mas quando se fala de telefonia fixa se fala também de internet de ultravelocidade – e esse é o futuro. As receitas nessa área crescem 35% a 40% ao ano. Temos no País 20 milhões de domicílios que podem contratar o serviço Vivo Fibra. E temos quase 5 milhões de clientes em mais de 330 cidades.

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Qual o seu balanço de tantos desafios em dois anos de pandemia?

A primeira tarefa foi manter um serviço ativo na hora em que todo mundo foi pra casa e o total de usuários aumentou muito. Mas deu certo o propósito de digitalização – no mundo da educação, na saúde, no entretenimento. A Vivo tem 60 milhões de clientes, que representam 100 milhões de acessos. Criamos a Vivo Pay, uma carteira digital, e a Vivo Money, uma plataforma de empréstimos. Planejamos distribuir um serviço Vivo da Telemedicina e acertamos com o grupo Anima lançar um serviço de educação, com cursos curtos pra ajudar na empregabilidade das pessoas. 

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