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Cira e supermercados dizem que seguem restrição a importados na Argentina

Mais cedo, o governo de Cristina Kirchner negou a existência de barreiras contra importação de alimentos e bebidas

Por Marina Guimarães e da Agência Estado
Atualização:

Os supermercadistas argentinos afirmam que as barreiras contra importação de alimentos e bebidas, que foram negadas pelo governo de Cristina Kirchner, ainda não foram suspensas. A Câmara de Importadores da República Argentina (Cira) havia dito ontem que os empresários "estavam tranquilos" depois das declarações de Cristina Kirchner, em Madri, de que "as medidas nunca existiram". Contudo, hoje, tanto a Cira quanto os representantes dos supermercados locais reclamaram que ainda não receberam uma comunicação direta anulando a ordem que o secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, deu de não importar nenhum alimento ou bebida similar aos produzidos pela indústria local. "Confiamos em que haja uma decisão oficial de não aplicar restrições e que estas sejam anunciadas oficialmente, mas até o momento não recebemos uma determinação verbal ou por escrito contrária ao pedido que a Secretaria de Comércio Interior nos fez para analisar o impacto da restrição das importações caso a caso", explicou o presidente da Cira ao jornal La Nación, Diego Pérez Santisteban. Santiesteban reconhece, no entanto, que desde o fim de semana, a entrada de produtos do exterior começou a ser liberada. Hoje pela manhã, seguindo a linha do discurso presidencial durante a Cúpula da UE-Mercosul de que as barreiras não existem, o ministro do Interior, Florencio Randazzo, insistiu em que o governo "não fechou as importações" do setor mencionado. Contudo, fez a advertência de que a Argentina "vai defender o desenvolvimento da indústria nacional e o trabalho dos argentinos" de importações que os prejudicam. "Nós estamos na Organização Mundial do Comércio (OMC), que estabelece as regras do jogo que temos que cumprir", argumentou em entrevista à rádio Mitre. Entre os importadores argentinos a informação é de que, apesar dos desmentidos e algumas flexibilizações nos últimos dias, a partir do dia 1º de junho haverá novas restrições à entrada de produtos estrangeiros ao país. A esperança da Cira é de que as barreiras não sejam tão drásticas a ponto de prolongar uma polêmica com a União Europeia e com o Brasil, segundo informou Santiesteban. Preferência pelo Brasil Se depender das declarações de Cristina Kirchner, não haveria barreira para o principal sócio do Mercosul. Ontem, ainda em Madri, durante homenagem ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, Cristina Kirchner não só cobriu o colega de elogios, como também manifestou preferência pelo empresariado brasileiro, deixando o argentino em segundo plano. "Embora isso possa gerar alguma manchete nos jornais, posso dizer que algumas vezes me dou melhor com alguns empresários brasileiros do que com os argentinos", disse Cristina. "Lula tem uma inteligência e sensibilidade e uma sensibilidade que lhe vem desse orgulho de pertencer e do valor da identificação com seu país que, lhes confesso, às vezes me dá um pouco de inveja", confessou Cristina. Resta saber se as palavras da presidente argentina vão impedir que o polêmico secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, penalize novamente os empresários brasileiros com novas barreiras comerciais. A aplicação das barreiras foi comunicada verbalmente pelo secretário aos importadores e supermercadistas. A flexibilização das restrições também foi autorizada informalmente. Não há uma medida escrita, assinada e publicada pelo Governo sobre o assunto. Por causa desse "disse me disse" em torno das medidas que chegaram a barrar na fronteira caminhões brasileiros carregados com milho em lata, produtos elaborados de carne suína e outros, na semana passada, o governo do Brasil vai pedir à Argentina uma nota oficial sobre o assunto, de acordo com uma fonte do governo brasileiro. 

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