PUBLICIDADE

Publicidade

Cogna quer mostrar que virou a página em 2022 com nova estrutura e CEO

Roberto Valério, atual CEO da Kroton, divisão de ensino superior do grupo, assumirá o posto com a missão de consolidar a nova estratégia digital da empresa; em 2021, operação fechou no azul após prejuízo em 2020

Por Luisa Laval
Atualização:

Após apresentar um tombo nos resultados financeiros com a forte reestruturação do Fies em 2014 e com a pandemia iniciada em 2020, a Cogna entra em 2022 de cara e de CEO novos. O grupo, um dos maiores do País, conseguiu reverter o balanço vermelho de 2020 e fechou 2021 com boa parte das contas no azul, fruto da reestruturação da empresa e da estratégia de ensino superior.

PUBLICIDADE

A partir da próxima semana, Rodrigo Galindo deixará a diretoria executiva da empresa após 12 anos no cargo para se tornar presidente do conselho de administração. No lugar, Roberto Valério, atual CEO da Kroton, divisão de ensino superior do grupo, assumirá o posto com a missão de consolidar a nova estratégia digital da Cogna.

Segundo Galindo, a sucessão ocorreria em meados de 2020, mas, com a pandemia, a companhia decidiu que não era o momento de fazer mudança de liderança. O processo foi retomado ao final de 2021, depois que a companhia considerou que estava consolidada em sua reestruturação. "É uma sucessão muito tranquila: esse processo começou em 2018, com minha decisão de migrar para o conselho. Reestruturamos a companhia e entregamos as operações da Kroton para o Valério tocar, que ele assumiu já como preparação da sucessão. Agora pudemos realizá-la após entregar resultados excelentes”, afirmou Galindo ao Broadcast.

Roberto Valério assumirá liderança da Cogna Foto: Divulgação/Kroton

Aumento da disputa

Listada em Bolsa desde 2007, a Cogna praticamente surfou sozinha o mercado privado de ensino superior durante anos, juntamente com a Yduqs, que abriu capital no mesmo ano. Em 2014, quando ocorreu a fusão entre Kroton e Anhanguera, o governo federal reformulou o programa de financiamento estudantil Fies, principal fonte de receita para o grupo e para a maior parte das faculdades privadas do País, reduzindo o alcance do programa e tornando mais difíceis as condições de financiamento.

Soma-se a isso o crescimento de outros concorrentes que disputam espaço no ensino particular no País: a Ânima, que concluiu em maio do ano passado a compra das faculdades brasileiras do grupo Laureate; a nordestina Ser Educacional, de Janguiê Diniz, a Vitru, controladora da Uniasselvi que abriu capital em Nova York em 2020, e a Afya, também listada fora e que possui foco em cursos de medicina e plataformas de suporte a médicos.

Para se diferenciar, a Cogna foca hoje no ensino digital e no fortalecimento dos cursos de medicina. A empresa espera que a KrotonMed, segmento que agrupo cursos de ensino superior na área de saúde, some receita líquida de R$ 484 milhões de 2022. Além disso, a empresa diz já ter avançado no desenvolvimento de sua plataforma B2C, que inclui um marketplace voltado a educação.

Publicidade

"A estratégia da companhia há três anos e que continuará agora é seguir três avenidas de crescimento: o ensino híbrido e digital, o ensino médico e os negócios de plataforma. O processo de transformação digital que começamos em 2017 já está entregando fortes resultados para nós, representando mais de metade da receita, e vão representar 70% em 2025", diz Galindo.

Para Valério, o grande desafio foi tornar a Kroton rentável novamente: a empresa somou Ebitda de R$ 687 milhões em 2021, revertendo o resultado negativo de R$ 1,9 bilhão de 2020, e fechou o ano com total de 860.544 alunos, pequeno avanço de 5,2% em relação a 2020.

“Fizemos um trabalho importante de colocar a Kroton no caminho da rentabilidade de 2020 para 2021. Ao mesmo tempo, estamos construindo passo a passo o retorno ao crescimento. Estamos crescendo na captação de alunos safra sobre safra. Não podemos dar números de 2022 agora, mas teremos o terceiro ano seguido de crescimento de dois dígitos”, aponta.

Quem vê de fora

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

De dezembro de 2020, quando anunciou a reestruturação da companhia, especialmente em relação à Kroton, para cá, a Cogna tem conseguido abrandar opiniões de analistas sobre o desempenho e rentabilidade. Em relatório divulgado em dezembro do ano passado, os analistas do Citi Leandro Bastos e Renan Prata apontam que a empresa apresentou resultados sobre a recuperação da Kroton, que, combinada com a melhoria da cobrança e eficiência no custo de aquisição de cliente, tem melhorado a lucratividade e geração de fluxo de caixa.

"Em resumo, a virada está completa e a Kroton conseguiu ganhar substancialmente eficiência em suas operações, reduzindo despesas, o que deve melhorar a rentabilidade daqui para frente, apesar dos ventos adversos esperados para 2022", afirmam. Mesmo assim, o mercado ainda vê com pé atrás o nome da ação, e aguarda resultados mais fortes para mudar de parecer. "Acreditamos que COGN3 continua sendo uma história do tipo 'mostre-me primeiro'”, afirma o Citi.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.