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Com aporte de R$ 226 milhões, fundo americano fica com 52% do St. Marche

Negócio marca estreia no País do fundo de private equity Catterton, focado na compra de participações em empresas de consumo; investimento foi feito na varejista de alimentos voltada às classes A e B, que também é dona da filial brasileira do Eataly

Por Catia Luz
Atualização:

O fundo americano Catterton fechou um aporte de R$ 226 milhões no Saint Marché, varejista de alimentos focada nas classes A e B. Segundo apurou o ‘Estado’, após a conclusão do negócio, o fundo de private equity (que compra participações em empresas para, no futuro, revendê-las com lucro) terá 52% da companhia brasileira. Além das 18 lojas com a bandeira St. Marche, o grupo é dono do Empório Santa Maria e do Eataly, mercado de alimentos italianos que abriga também restaurantes. Os recursos serão usados para acelerar o plano de expansão da companhia e para fortalecer a estrutura de capital do St Marche.

Em troca da injeção de dinheiro na empresa, o fundo americano terá, segundo fontes, boa parte da participação dos cinco sócios brasileiros – que, juntos, detêm 70% da companhia. Entre os acionistas nacionais estão Bernardo Ouro Preto e Victor Leal (com fatias mais relevantes) e Rodrigo Luna. Os outros 30% da empresa pertencem ao fundo Laço Managment, family office do investidor americano Malone Mitchell.

Fundado em 2002, o St. Marche tem atualmente 18 lojas em endereços voltados para as classes A e B Foto: Divulgação

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Procurados, os sócios brasileiros do St. Marche preferiram não se pronunciar. Representante do fundo americano Catterton no Brasil não retornou o contato da reportagem.

O acordo, que avaliou a companhia em cerca de R$ 500 milhões e teve entre os assessores o Itaú BBA e o escritório de advocacia Stocche Forbes, está condicionado a algumas medidas que incluem uma reorganização societária.

Desde 2015, os sócios do grupo St. Marche buscavam um investidor para a companhia e, segundo apurou o Estado, era justamente a complexa composição acionária da varejista um dos fatores que dificultava o avanço das conversas.

Expansão. Fundado em 2002, as primeiras cinco lojas do grupo tinham como acionistas principais Ouro Preto e Leal, que idealizaram o projeto de abrir uma rede premium focada em perecíveis, para competir com padarias, açougues e pequenos estabelecimentos de bairro.

Os outros investidores foram entrando no negócio para bancar a expansão. Como nem todos os sócios têm participações iguais em todas as lojas, ficou mais difícil se chegar a um acordo entre as partes envolvidas na negociação.

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Um passo ousado no avanço do grupo foi trazer para o País o complexo de restaurante e lojas de produtos italianos Eataly, com 29 unidades pelo mundo. Ouro Petro e Leal têm 40% de participação no empreendimento. Os outros 60% são divididos entre Oscar Farinetti, o criador do Eataly, e sócios americanos.

Estreia. Previsto para ser concluído no quarto trimestre deste ano, o negócio com o grupo St. Marche marca a estreia do Catterton no País. Nos EUA, o fundo tem investimentos em cerca de cem marcas, com atuação no varejo de alimentos e bebidas, restaurantes e bens de consumo. De acordo com fonte no mercado financeiro, o Catterton vê potencial no mercado brasileiro de alimentos voltado para as classes A e B, mas estaria disposto a olhar outros segmentos do varejo no País.

Em janeiro deste ano, o fundo americano anunciou a fusão com o braço de private equity da LVMH, L Capital, criando L Catterton, que se tornou a maior empresa de investimento do mundo com foco em consumo.

Segundo reportagem publicada no Estado em julho, antes de fechar com o fundo, a rede St Marche teria sido oferecida a investidores estratégicos no Brasil – entre eles, Carrefour, Grupo Pão de Açúcar e Península, braço de investimentos da família de Abilio Diniz.

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