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Com compra de operadora logística, Via avança em plano de ir além do varejo

Com a compra da CNT, a empresa quer abocanhar parte da receita de outras lojas virtuais ao armazenar e entregar produtos de vendedores

Foto do author Talita Nascimento
Por Talita Nascimento e Luisa Laval
Atualização:

A Via (dona da Casas Bahia e do Ponto) anunciou nesta quarta-feira, 12, a compra da operadora logística de e-commerce CNT. Com a aquisição, a empresa mira aumentar seu mercado potencial, oferecendo serviços de logística inclusive para vendas de seus lojistas virtuais em outras plataformas. A empresa trabalha com uma realidade clara: os vendedores têm lojas e atuam em vários sites de comércio eletrônico. A solução, então, é abocanhar uma parte da receita apreendida em outras etapas da cadeia, prestando serviços de armazenagem, expedição e entrega de produtos.

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"A venda que se dá nos outros marketplaces já aconteceria de qualquer forma", diz Helisson Lemos, vice-presidente de marketplace e inovação da Via. Quando o produto do lojista virtual é armazenado na estrutura da empresa, é possível receber o pedido originado em outra plataforma e realizar a entrega para o cliente. Com isso, o período de entrega é reduzido em dois dias em relação a lojistas virtuais que não usam o estoque da Via. O executivo explica que a empresa vê como estratégico o varejo que ainda não faz parte de lojas virtuais de grande porte, bem como a própria indústria que almeja alcançar o consumidor de forma mais direta.

Para o banco Citi, a compra deve acelerar a capacidade de atendimento da empresa, um passo importante para expandir a oferta de serviços para os cerca de 110 mil lojistas virtuais. "Com maiores serviços, também esperamos que a Via aumente sua taxa de aceitação (atualmente entre 5% e 6%, contra 10% para Americanas e Magazine Luiza)", segundo relatório do banco.

A Viabusca novos caminhos para ir além doe-commerce Foto: Sérgio Castro/AE

Com a CNT, o banco pontua que a Via passa a ter soluções completas de comércio eletrônico (logística, planejamento de vendas, tecnologia, marketing e gestão financeira). A casa continua, no entanto, cautelosa com o nome, apesar da recente baixa das ações (queda de 35% nos últimos dois meses). Apesar do cenário turbulento para o varejo e de uma nova reversa da empresa para ações trabalhistas, analistas têm mostrado confiança na capacidade de execução da gestão da companhia.

Na visão da XP, a compra da CNT é positiva para a companhia, pois fortalece a construção da solução logística multiplataforma. Além disso, a transação deve gerar ganhos de sinergias, principalmente na diluição de custos de armazenagem e de entregas de curta distância. Ainda assim, a XP decidiu manter a recomendação neutra para as ações da empresa para 2022.

Oportunidades

A Via estima que, ao operar a logística como um serviço, a empresa acessa um mercado de "centenas de bilhões de reais" em cerca de 5 anos. Apesar de ser preciso um processo de integração da nova adquirida, parte dos resultados já começarão a ser vistos em breve.

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A CNT já tem cerca de 40 clientes e parte deles já atua em outros marketplaces, segundo o vice-presidente administrativo da Via, Sérgio Leme. Ou seja, uma vez que a companhia faz parte do ecossistema da Via, essa experiência de operação logística para outras gigantes do varejo já começa a ser testada. Até o fim do primeiro trimestre, a Via acredita que essa frente já tenha atuação mais robusta, a começar por lojistas virtuais estratégicos.

A transação custou à Via cerca de 0,2 vezes o GMV (volume bruto de mercadorias vendidas) de 2021. O valor ainda não é público, já que os números do quarto trimestre do ano passado ainda não foram divulgados. Além da logística, a empresa também tem deixado no ar a possibilidade da oferta de serviços de crédito para vendas originadas fora de seu ambiente.

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