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Com promessa de crédito tributário, Audi voltará a produzir carros no Paraná

O plano da Audi é começar com até 4 mil carros por ano dos utilitários esportivos Q3 e Q3 Sportback; encerramento da produção de veículos no País era dado como certo

Foto do author Eduardo Laguna
Por Eduardo Laguna (Broadcast)
Atualização:

A Audi voltará a produzir carros no parque industrial da Volkswagen no Paraná em meados do ano ano que vem. Em dezembro de 2020, a montadora de veículos de luxo alemã havia anunciado a suspensão de toda a produção no Brasil por um ano, parando atividades em fevereiro de 2021.

O plano da montadora é começar com a produção de até 4 mil carros por ano de dois utilitários esportivos, ampliando gradualmente esse volume. Esse ritmo de retorno vai depender do comportamento do mercado e do desfecho nas negociações com o governo sobre o recebimento de créditos tributários (leia mais abaixo).

Utilitário Audi Q3 será produzido pela montadora alemã no Brasil 

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"Poucas pessoas achavam que era possível. Fizemos muitos estudos para viabilizar o retorno da produção (...) A matriz entendeu que valia a pena voltar a produção no Brasil", declarou presidente da Audi no Brasil, Johannes Roscheck

A montadora também fará novos investimentos no parque industrial no Paraná, mas valores e datas ainda não foram anunciados.

Programa de incentivo

Segundo Roscheck, contribuiu ao retorno da produção o avanço nas negociações com o Ministério da Economia para uso de crédito tributário da época do Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores(Inovar-Auto), o regime automotivo que vigorava no País quando a Audi investiu na produção nacional. 

Criado em 2012 e encerrado em 2017, o programa nasceu para aumentar a competitividade das montadoras com fabricação local ao sobretaxar carros importados, além de visar o fomento para a cadeia produtiva e a melhora da produtividade do setor. Os incentivos tributários eram ligados a novos investimentos, ao aumento do uso de tecnologia, segurança e eficiência energética dos veículos.

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Na época, foram concedidas cotas para que as montadoras com fábricas em construção no Brasil pudessem importar carros sem pagar um IPI extra durante as obras. Porém, estima-se que as três marcas de luxo que toparam a empreitada – Audi, BMW e Mercedes-Benz – ainda tenham R$ 287 milhões em créditos de IPI não utilizados, sendo a maior parte deles da Audi.

Só após o governo dar maior segurança de que a montadora terá acesso ao crédito, a Audi decidiu bateu o martelo sobre sua continuidade no Brasil como fabricante de automóveis.  "Estamos avançando de forma positiva nas conversas com o Ministério da Economia para resolver o quanto antes", disse o presidente da Audi no Brasil.

Em um momento de câmbio caro para a Audi montar carros com praticamente todos os componentes importados, a possibilidade de usar esse crédito é considerada essencial para tornar viável um volume mínimo que justifique a produção no Brasil.

Objetivo era fechar

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A decisão da Audi de voltar a montar veículos no Paraná representa uma reviravolta nos planos da matriz na Alemanha, onde havia mesmo disposição de encerrar definitivamente a produção no País. A segunda tentativa da marca de luxo alemã de produzir carros no Brasil foi desafiada por três crises econômicas. Por isso, a expectativa sobre a desistência da Audi do mercado brasileiro era grande.

Os anúncios de fechamento de fábricas da concorrente Mercedes-Benz, em dezembro de 2020, e da Ford, no mês seguinte, coincidiram com o momento no qual a Audi desligou suas máquinas no parque industrial compartilhado com a Volkswagen em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba. Isso fez a marca das quatro argolas ser vista como uma espécie de “bola da vez” em uma possível debandada de montadoras do Brasil. Sendo assim, não deixa de ser surpreendente a notícia de que a Audi voltará a funcionar em meados do ano que vem.

“O objetivo era fechar. Quando cheguei, disse que não aceitaria isso”, afirmou Roscheck, que assumiu há quatro anos os negócios da montadora no Brasil.

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