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Com crise e dólar caro, vendas de carros importados caem 45% de janeiro a abril

Para este ano, Abeifa projeta a comercialização de 39 mil veículos, ante 200 mil em 2011, o melhor ano já registrado para vendas; em 2016, setor contabiliza 450 concessionárias e 13,6 mil funcionários – há cinco anos, eram 848 lojas e 35 mil empregados

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Linha vazia. Fábrica da chinesa Chery, em Jacareí, em SP, opera hoje com menos de 10% de sua capacidade de produção Foto: Estadão

Crise, dólar valorizado e sobretaxa de impostos levaram o mercado de carros importados a uma queda de 44,6% nos quatro primeiros meses do ano, enquanto as vendas totais do mercado, incluindo os modelos nacionais, recuaram 27,6% em relação ao primeiro quadrimestre de 2015.

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Os dados incluem apenas veículos trazidos de fora por marcas sem fábricas no País, como Kia, JAC e Volvo e algumas das que abriram unidades mais recentemente – Chery, Suzuki e BMW/Mini. Ao todo, as 18 filiadas à Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa) venderam 12.716 unidades neste ano.

O volume representa 2% do total de automóveis e comerciais leves vendidos no Brasil de janeiro a abril. Com o fraco desempenho, a Abeifa projeta para o ano vendas de 39 mil veículos, 35% a menos que no ano passado. Em 2011, o segmento vendeu quase 200 mil veículos, o equivalente a 5% do mercado total. Desde então, os negócios caem sem trégua (ver quadro).

Com o novo cenário, o presidente da Abeifa, José Luiz Gandini, projeta que o segmento deverá operar este ano com 450 concessionárias e 13.560 funcionários. Há seis anos eram 848 lojas e 35 mil funcionários.

Entre as que fecharam revendas está a chinesa Geely, que tinha 26 pontos de venda e hoje tem cinco. A marca trazia carros do Uruguai, onde mantinha linha de montagem, mas suspendeu as atividades e as importações por tempo indeterminado. Gandini acredita que o fim da cobrança da taxação extra do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de 30 pontos porcentuais, em vigor desde o fim de 2011, ajudaria o segmento a diminuir o tamanho do buraco em que está. “Precisamos ter isonomia com os fabricantes nacionais, pois já pagamos a multa de 35% de Imposto de Importação para entrar no País”.

A sobretaxa vale para carros produzidos fora do Mercosul e do México (que têm acordos comerciais com o Brasil) por temor, na época, de que ocorresse uma invasão de importados, principalmente de chineses.

A medida criou cotas sem o imposto extra de acordo com a média de venda de cada marca (limitadas a 4,8 mil unidades ao ano) mas, em razão do câmbio atual, muitas empresas sequer preenchem a cota. Gandini espera que o provável novo governo de Michel Temer reveja a medida.

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Novatas. As montadoras que se instalaram no País há pouco mais de dois anos, algumas antecipando projetos para escapar do IPI extra, também estão em situação difícil. As fabricantes filiadas à Abeifa – BMW/Mini, Chery e Suzuki – venderam neste ano 2,7 mil carros produzidos localmente, 31,6% a menos que em 2015. A chinesa Chery vendeu no quadrimestre 381 carros feitos em Jacareí (SP), que opera com menos de 10% de sua capacidade. Das versões importadas, as vendas caíram 82%.

Das vendas da alemã BMW e da coligada Mini, de 3.521 unidades, 1.824 são de modelos fabricados em Araquari (SC), número 24% menor que o de 2015. A japonesa Suzuki abandonou a fábrica construída em Itumbiara (GO) e produz seus modelos junto com sócia Mitsubishi, em Catalão. A venda de modelos nacionais da marca caiu 39% este ano, para 501 unidades.

Abriram fábricas este ano a Audi, que vendeu 3.998 carros, 20% menos que em 2015. Do total, 34% são de modelos feitos no Paraná. A Mercedes-Benz, com filial em Iracemápolis (SP) desde março, ainda não entregou às lojas versões nacionais.

A chinesa JAC prometeu uma fábrica de 100 mil carros ao ano na Bahia, mas reviu o projeto, ainda paralisado, para 20 mil. A marca vendeu 997 carros até abril, queda de 51% ante 2015.

Outra fabricante, a Jaguar Land Rover, deve iniciar operações em Itatiaia (RJ) em junho.

Entre marcas de super luxo, Lamborghini e Rolls Royce não venderam nada este ano. Em 2015 foram oito carros. A Ferrari, por sua vez, cresceu 20%: de cinco para seis unidades.

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