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Com demanda maior puxada por câmbio, aéreas ampliam oferta para o exterior

Até julho, o total de assentos em voos para outros países cresceu 8,8%, enquanto a disponibilidade em voos domésticos subiu 0,58%

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Por Luciana Dyniewicz
Atualização:

Após forte redução de frotas e número de voos, em função da crise, as empresas aéreas brasileiras estão voltando a ampliar a oferta, em um movimento puxado pelas viagens internacionais. Nos sete primeiros meses do ano, o total de assentos em voos para o exterior cresceu 8,8%, enquanto a disponibilidade em voos domésticos subiu 0,58%.

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A oferta maior para destinos em outros países é uma resposta ao aumento da demanda – motivado pela valorização do real – e reflexo direto de projetos de novas rotas retomados por Azul e Avianca.

De janeiro a julho deste ano, a procura por voos para outros países cresceu 12,8%, de acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), e os gastos de brasileiros no exterior avançaram 35%.

Para o vice-presidente de receitas da Azul, Abhi Shah, umas das explicações possíveis para esses números é a valorização de 20% do real frente ao dólar verificada desde o começo do ano passado. “As pessoas que viajam para o exterior podem ser menos sensíveis à crise e mais sensíveis ao dólar”, diz.

Planos. A Azul começou a analisar a possibilidade de ter uma operação robusta no mercado internacional em 2014. O projeto, porém, foi engavetado no segundo trimestre de 2015 diante da crise e retomado no fim de 2016. Hoje, a empresa tem 51 frequências por semana e dez rotas – no fim de 2016, eram 36 em nove rotas. Até o fim deste ano, a empresa pretende acrescentar mais 16 frequências.

A Avianca Brasil também decidiu, no último trimestre do ano passado, retomar o trabalho de internacionalização de rotas. Até junho, a empresa tinha apenas o voo Fortaleza-Bogotá. Essa rota, entretanto, não era considerada uma operação internacional pela companhia, já que era feita com um avião de pequeno porte. Desde junho, a Avianca Brasil tem um voo para Miami e outro para Santiago, no Chile. Em dezembro, deverá acrescentar Nova York a sua malha. “O projeto (de voar para o exterior) começou há quatro anos e a ideia era operar em 2015, mas tivemos de atrasá-lo. Agora, sentimos uma pequena melhora na demanda internacional e decidimos retomá-lo", diz o presidente da Avianca Brasil, Frederico Pedreira.

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Principal empresa do segmento, com 77% do mercado, a Latam não aumentou seus destinos neste ano, mas ampliou os assentos ofertados em 8,4%. Em nota, a companhia afirmou ter percebido uma melhora no mercado em geral nos últimos meses, mas que “a demanda doméstica no País ainda segue volátil, e a reação está concentrada na internacional”.

A companhia também credita esse desempenho à cotação do dólar. No ano passado, com a moeda em patamar mais elevado, a Latam chegou a anunciar a redução de 35% na oferta de assentos entre o Brasil e os Estados Unidos. Agora, anunciou a retomada de voos para Punta Cana e o retorno gradual de frequências entre São Paulo e Nova York, entre outras medidas.

A Gol foi a única que diminuiu a oferta internacional neste ano, em 6%. A empresa afirmou, porém, que tem investindo nos destinos da América do Sul e que atua em parceria com companhias estrangeiras, como Delta Airlines, o que acaba ampliando seu leque de rotas.

Para o especialista em setor aéreo André Castellini, sócio da Bain & Company, a recuperação das brasileiras no mercado internacional ainda está em nível bastante baixo. “O lazer internacional havia caído muito e agora há pequenos sinais de retomada.”

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