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Com fitomedicamento, laboratório Aché consegue entrar nos EUA

Por RENATA DE FREITAS
Atualização:

Aproveitando a receptividade do mercado internacional a produtos naturais, o laboratório brasileiro Aché passará a exportar um antiinflamatório tópico feito a partir da erva-baleeira para os Estados Unidos e Canadá. O Acheflan, medicamento totalmente desenvolvido no Brasil, foi registrado no mercado norte-americano na categoria de "cosmético funcional", o que dispensa prescrição médica. Assim, o laboratório de Guarulhos (SP) conseguiu encurtar o caminho até o consumidor da América do Norte, sem ser obrigado a obter aprovação da Food and Drug Administration (FDA). "As barreiras não-tarifárias nos Estados Unidos e na Europa são muito fortes. Temos que buscar caminhos alternativos", antecipou o principal executivo do Aché, José Ricardo Mendes da Silva, à Reuters. A previsão é de exportar 100 mil unidades do Acheflan neste primeiro ano, chegando a 500 mil em 2009. O medicamento continuará a ser produzido localmente, mas poderá ser distribuído com outra marca nos EUA. Após dois anos de negociações, a norte-americana RFI Ingredients conquistou a licença de distribuição do creme e poderá comercializar o produto com marca própria ou com a de outros pontos-de-venda de fitomedicamentos nos dois países. "Clubes de basquete dos Estados Unidos já usam o Acheflan, não podemos perder essa oportunidade", comentou o executivo brasileiro, justificando que no mercado norte-americano é aceitável "perder" a marca Acheflan. Mas para a Europa os planos são outros: lá, o Aché tenta formar parceria com pequenos laboratórios de forma a obter o registro na Agência Européia de Medicamentos e preservar a marca. "O processo é lento", comentou, sem antecipar candidatos potenciais. MERCADO DE BILHÕES O mercado mundial de suplementos, em que se enquadram os fitomedicamentos, movimenta mais de 80 bilhões de dólares por ano, segundo o Aché. Só o segmento de ingredientes e produtos orgânicos, incluindo cosméticos, é um mercado de 45 bilhões de dólares, na estimativa do Projeto OrganicsBrasil. E crescendo. "Cada vez mais o segmento de cosméticos está se voltando para o natural", afirmou à Reuters Ming Liu, gestor da entidade que procura incentivar a comercialização de orgânicos nacionais para o exterior. No Brasil, segundo Liu, algumas empresas já exportam ingredientes ou cosméticos certificados internacionalmente. Na maior feira do setor de orgânicos, que se realiza entre 21 e 24 deste mês em Nuremberg, na Alemanha, haverá um pavilhão exclusivamente de cosméticos, o Vivaness. Quase 30 companhias brasileiras estarão representadas na feira e esperam fechar 15 milhões de dólares em negócios num prazo de 12 meses. Regulamentação nacional para os orgânicos foi publicada em dezembro e o setor terá que se organizar nos próximos dois anos para cumprir as exigências que garantirão o selo atribuído por certificadoras acreditadas no Inmetro. "Nos mercados onde houve regulamentação, houve uma explosão do mercado de orgânicos", comentou Liu. "As certificadoras não vão dar conta da demanda que vai haver no prazo de dois anos", disse. Segundo ele, a receita do segmento de orgânicos é estimada hoje em modestos 200 milhões de reais.

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