Publicidade

Com lance de € 2,7 bi, chinesa Three Gorges é a nova controladora da EDP

Segundo o governo português, no entanto, proposta poderá chegar aos € 8 bilhões; lance da companhia chinesa derrotou as brasileiras  Eletrobras e Cemig

Por Jair Rattner e da Agência Estado
Atualização:

LISBOA - O governo português confirmou nesta quinta-feira, 22, que a empresa chinesa Three Gorges é a vencedora da concorrência pela privatização da empresa elétrica EDP - que no Brasil controla a Energias do Brasil. Na concorrência, vencida com um lance de € 2,7 bilhões, as empresas brasileiras Eletrobras e Cemig foram derrotadas.

PUBLICIDADE

A secretária de Estado do Tesouro de Portugal, Maria Luís Albuquerque, indicou, no entanto, que a proposta da chinesa poderá chegar aos € 8 bilhões. "Isso inclui o encaixe do Estado, os € 2 bilhões de investimento na EDP até 2015, a possibilidade de financiamento da própria empresa e também a vinda dos bancos com que a Three Gorges se relaciona que estarão voltados para o financiamento à economia portuguesa", disse. A Three Gorges ficará com 21,35% das ações da EDP, o maior lote de ações da empresa. Antes da privatização, havia um acordo de acionistas que previa um limite de 10% nos direitos de voto. O governo português ainda vai ficar com 4% das ações da EDP, que poderão ser vendidas ao vencedor posteriormente. Além da empresa chinesa e das brasileiras, a quarta concorrente ao processo de privatização era a alemã E.On. A Three Gorges foi criada para operar a usina hidrelétrica de Três Gargantas, no Yangtse, com capacidade de 18,5 MW. Com uma capacidade instalada de 21,5 MW, a empresa conta com ativos de € 33,6 bilhões. Além de usinas hidrelétricas, a Three Gorges também investe na produção de energia eólica - toda sua produção é de energia renovável.

Albuquerque corrigiu declarações dadas anteriormente e afirmou que a Three Gorges não vai adquirir uma parte da empresa brasileira. Maria Luís ressalta que será através da empresa com base em Portugal que a chinesa investirá no Brasil: "A China Three Gorges não vai entrar na EDP - Energias do Brasil. O seu projeto baseia-se nas renováveis e nos Estados Unidos. Se entrar em parques eólicos no Brasil, o que será analisado caso a caso, fará isso através da EDP Renováveis e com participação minoritária, dado o Brasil ser considerado área da EDP. Assim, a EDP fica intocada no Brasil", disse.

Detendo a posição de líder em Portugal, além das operações no Brasil - distribuição e geração - a EDP é atualmente a terceira maior empresa de geração eólica do mundo, sendo a segunda no mercado dos Estados Unidos.

O negócios deverá ser concluído em março ou abril. "Um primeiro pagamento, de cerca de € 600 milhões, deverá ser realizado na assinatura do contrato, em janeiro, e o restante na sua conclusão, em março ou abril". A conclusão depende de autorizações de autoridades regulatórias.Privatização

O ministro das Finanças de Portugal, Vitor Gaspar, destacou nesta quinta que o plano de privatização do país atraiu interesse importante e mostrou que Portugal oferece oportunidades valiosas de investimento. Em entrevista, Gaspar evitou comentar especificamente sobre a venda da participação de 21% do governo na EDP - Energias de Portugal para a China Three Gorges. "O programa de privatização é importante não somente porque nos dá acesso a uma fonte de financiamento que atualmente é muito importante para a economia portuguesa, mas também porque mostra a possibilidade de diversificação das fontes de financiamento da economia portuguesa", disse Gaspar.

As informações são da Dow Jones.

Publicidade

Texto atualizado às 16h25

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.