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Com medo da crise, bancos médios reduzem ritmo de empréstimos

Instituições procuram evitar o que aconteceu na crise de 2008, quando o mercado piorou depois da quebra do Lehman Brothers

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast)
Atualização:

Com a piora da crise lá fora, os bancos médios brasileiros resolveram colocar o pé no freio e reduziram o ritmo de concessão de novos empréstimos. Depois de desacelerarem a liberação de crédito no terceiro trimestre, os bancos devem manter a estratégia e esperam ritmo lento de crescimento nos meses finais do ano. Os executivos dos bancos afirmam que a maior cautela no momento é uma forma de evitar o que aconteceu na crise de 2008, quando o mercado piorou de repente após a falência do Lehman Brothers. Os grandes bancos empoçaram a liquidez e as instituições de menor porte tiveram dificuldades para captar recursos. Agora, alguns bancos estão agindo de forma preventiva e retendo recursos em caixa para se preparar para eventuais problemas de liquidez e de aumento do custo de captação de recursos. A tendência é que a cautela continue até o fim do ano. O Banco ABC Brasil, por exemplo, focado em empréstimos para empresas de médio e grande porte, deve seguir com sua política de crescimento mais moderado do crédito no quarto trimestre, de acordo com seu vice-presidente financeiro, Sérgio Lulia Jacob. Já no primeiro semestre, o banco resolveu ficar mais cauteloso, quando percebeu que poderia haver uma deterioração de seus ativos em meio a uma desaceleração do crescimento da economia e do cenário ruim na Europa. Entre julho e setembro, a carteira de crédito para médias e grandes empresas do ABC cresceu 2,5% na comparação com o período anterior, ante média de 4% do mercado. No terceiro período do ano, o ABC teve aumento da taxa de inadimplência e das provisões para devedores duvidosos. Lulia não descarta que a taxa de calotes possa sofrer nova alta e o banco precise aumentar mais as provisões. Mudança. Depois de quase quebrar, passar por uma reestruturação, com novos controladores, o Panamericano agora aposta em novos segmentos de crédito, como o para veículos novos e linhas de comércio exterior. A estratégia significa uma maior oferta de empréstimos, mas em segmentos mais seguros, com menor inadimplência. "Estamos crescendo no crédito com muito cuidado, sendo cautelosos", disse o presidente do Banco Panamericano, José Luiz Acar. O Banco Cruzeiro do Sul foi ainda mais conservador que seus concorrentes. A produção de crédito consignado, principal produto do banco, somou R$ 1,1 bilhão no terceiro trimestre, queda de 29% ante o mesmo período de 2010 e de 1,1% ante o segundo trimestre de 2011. O banco destaca em sua demonstração de resultados que está mais seletivo na liberação de novos recursos, em busca de operações com retornos mais atraentes. Fausto Guimarães, superintendente de Relações com Investidores do Cruzeiro do Sul, disse que o banco reforçou as provisões para devedores duvidosos no terceiro trimestre e reviu a metodologia de cálculo. "Ficou mais rígida e rigorosa", disse. Na semana passada, a Moody's rebaixou os ratings de crédito do banco, alegando que o aumento das provisões vai afetar sua rentabilidade e que a recente decisão do Banco Central de afrouxamento das medidas macroprudenciais de dezembro de 2010 terão pouco impacto para o Cruzeiro do Sul. Outro banco que reduziu a oferta de crédito no terceiro trimestre foi o BicBanco, em 8%. "Perpetua-se a situação de desconforto, derivada da névoa de incerteza reinante no mercado internacional. Com isso, continuou prevalecendo no banco a posição de cautela adotada desde o segundo trimestre", destaca Milto Bardini, vice-presidente executivo de Operações e Diretor de Relações com Investidores do Bic. Focado no crédito à média empresa, o banco espera retomar o ritmo normal de concessão de crédito em 2012. Nesse cenário de incerteza, o BicBanco optou por manter nível elevado de caixa, fechando setembro com R$ 3,7 bilhões e ainda reforçou as provisões para devedores duvidosos.

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