PUBLICIDADE

Publicidade

Com novos hábitos de higiene, Granado prevê alta de 30% nas receitas em 2021

Criada há 151 anos, companhia brasileira conseguiu passar 2020 com pequeno crescimento, graças ao e-commerce e às vendas em supermercados e farmácias; para este ano, prevê novas lojas no Brasil e a estreia em Portugal

Por Bruno Villas Boas
Atualização:

RIO - A pandemia de covid-19 fez o brasileiro lavar mais as mãos. Com a expectativa de perpetuação desse hábito, a tradicional fabricante de cosméticos Granado enxerga um bom cenário para 2021. Com a maior procura por sabonetes e outros produtos de higiene pessoal, a empresa prevê crescimento de 30% nas vendas no ano, o que deve levar seu faturamento para cerca de R$ 930 milhões. A fabricante faz planos de abrir lojas no Brasil e também de fincar bandeira em Portugal, a segunda parada de sua expansão internacional, após a França.

Fundada em 1870, a Granado completou 150 anos no ano passado. Sissi Freeman, diretora de marketing da empresa, diz que as vendas online chegaram a crescer 600% nos primeiros meses da quarentena, quando as 80 lojas da empresa foram fechadas. Foi o suficiente para que, num cenário de retração da economia como um todo, a empresa ainda conseguisse uma expansão discreta, de 4%, ante as receitas de 2019.

Criada há 151 anos, Granado faz planos de fincar bandeira em Portugal, a segunda parada de sua expansão internacional, após a França. Foto: Sergio Moraes/Reuters - 14/7/2016

PUBLICIDADE

“De um lado, tivemos 80 lojas fechadas, que representam 25% das vendas. De outro, veio a alta das vendas online e dos revendedores (como farmácias e supermercados) que ficaram abertos, com forte demanda por sabonete líquido e em barra, reflexo do hábito mais frequente de lavar as mãos”, diz Sissi. “A demanda cresceu até acima da capacidade da fábrica em Japeri (região metropolitana do Rio).”

Filha do controlador da Granado, o inglês Christopher Freeman, que adquiriu a empresa da família fundadora em 1994, Sissi diz que a demanda por sabonetes permanece elevada neste ano, assim como a de velas e difusores de ambiente. Com a volta das lojas físicas, as vendas do primeiro trimestre já cresceram 16% ante o mesmo período do ano passado. “Começamos o ano bastante cautelosos por causa da segunda onda da covid-19 e do dólar valorizado. Agora, olhando para frente, estamos com a equipe sendo vacinada, dólar um pouco mais baixo, ficamos mais otimistas.”

Para 2021, o plano da Granado é inaugurar seis lojas. Quatro já foram abertas em Ipanema, no Rio de Janeiro, e nos Jardins, em São Paulo, além de Mogi das Cruzes (SP) e Teresina (PI). As demais ficarão em Santo André (SP) e Juiz de Fora (MG). Sissi diz que a abertura de lojas poderia ser maior não fosse a dificuldade de negociação com os shoppings, em especial no que se refere aos reajustes dos aluguéis.

Segundo Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese Retail, o ritmo de crescimento do setor de higiene e cuidados pessoais não deve arrefecer neste e no próximo ano, principalmente por causa dos novos hábitos. Ele avalia que a Granado está bem posicionada para aproveitar o momento. “A Granado passou por um momento de reposicionamento, fruto do trabalho de se colocar como marca com história, valores e um ar artesanal, embora seja massificada.”

Vendas online cresceram 600% nos primeiros meses da quarentena, diz Sissi Freeman, diretora de marketing da empresa. Foto: Paulo Vitor/Estadão - 20/9/2010

Passaporte

Publicidade

Outra fonte para a aceleração do crescimento da Granado é a retomada do projeto de internacionalização. As três lojas de Paris, base da operação global da marca brasileira, já foram reabertas. O próximo passo é inaugurar uma loja própria em Lisboa.

A intenção é também explorar mais as lojas de departamento, especialmente em Paris. Em março, a marca criou um loja pop-up, na icônica Galeries Lafayette, também na capital francesa. No segundo semestre, um novo espaço deve ser aberto na loja de departamentos BHV Marais

Sissi explica que o consumidor europeu não conhece suficientemente a marca. Por isso, colocar o produto na gôndola de um supermercado ou farmácia não é suficiente. “Em lojas de departamento, há mais espaço para mostrar conceitos da marca e aproximá-la de outros produtos.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.