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Com petróleo no céu, EDP avança sobre setor eólico no Brasil

Por MARCELO TEIXEIRA
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A EDP Renováveis e a Energias do Brasil consolidaram nova companhia para explorar o grande potencial de geração eólica do país, num momento em que os recordes do petróleo reduzem a diferença de preço entre fontes fósseis e renováveis. A nova empresa, EDP Renováveis Brasil, tem participação de 55 por cento da portuguesa EDP Renováveis, que captou 1,8 bilhão de euros em recente IPO na Europa, e de 45 por cento da Energias do Brasil . "O Brasil tem um potencial eólico de 140 mil megawatts (MW), equivalente a cerca de 10 Itaipus, mas até agora há somente 247 megawatts instalados, um número pequeno se olhar o potencial", disse a jornalistas nesta quinta-feira Miguel Setas, vice-presidente de Comercialização e Novos Negócios da Energias do Brasil. A EDP Renováveis Brasil, ao mesmo tempo do anúncio de sua criação, informou a compra da brasileira Central Nacional de Energia Eólica S.A. (Cenaeel), pioneira em geração de energia pelo vento no país, por 51 milhões de reais. A Cenaeel possui dois parques eólicos em Santa Catarina, com 14 megawatts instalados e projeto de expansão de um deles para 70 MW. "Apesar de ter uma capacidade pequena, é o primeiro investimento de outros que esperamos que possam vir", disse Setas, acrescentando que a Renováveis Brasil vai trabalhar em duas fases de crescimento: a primeira focada em aquisição de projetos já em desenvolvimento e a segunda em greenfields (projetos totalmente novos). Setas disse não poder informar, no entanto, um montante de investimentos que estaria disponível para compras e novos projetos no Brasil. António Pita de Abreu, diretor-presidente da Energias do Brasil, disse que o conglomerado português tem como claro que a elevação dos preços internacionais do petróleo está reduzindo substancialmente a diferença de preço entre energias renováveis e as produzidas com combustíveis fósseis, estimulando o setor eólico. "Hoje, no Brasil, a energia eólica custa cerca de 200 reais o megawatt hora. Com os preços atuais do petróleo, muitas formas de energia começam a se aproximar desse valor", afirmou. Segundo ele, em alguns casos de termelétricas movidas a óleo, o custo de geração de energia já supera o da eólica. "Temos facilidade de acesso a equipamentos (para geração eólica) e ganhos em custos, porque compramos em grande quantidade. É a vantagem de ser a quarta maior do mundo", afirmou Abreu, referindo-se aos diferenciais que a nova empresa deverá ter no mercado brasileiro. Os executivos, no entanto, condicionaram volumes maiores de investimento a mudanças regulatórias no Brasil, como a instituição de um leilão específico para a energia eólica.

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