PUBLICIDADE

Comando da CNova, do Casino, sofre mudanças

Empresa de comércio eletrônico do dono do Grupo Pão de Açúcar, que apura irregularidades de funcionários, anuncia troca de executivos

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Beth Moreira e Altamiro Silva Junior (Broadcast)
Atualização:

A CNova, empresa de comércio eletrônico do grupo francês Casino, dono do Pão de Açúcar, informou ao mercado nesta sexta-feira, 22, que o executivo Emmanuel Grenier será o único presidente da companhia. O anúncio ocorreu um dia depois de o executivo German Quiroga, que também era copresidente da CNova e presidente da subsidiária brasileira, ter renunciado ao cargo.

Grenier, que também é membro executivo do conselho de administração da CNova e está no Casino desde 1996, foi indicado ao cargo de copresidente em junho de 2014. Para o cargo de presidente da companhia no Brasil, antes ocupado por Quiroga, foi nomeado Flávio Dias, que assumirá no dia 15 de fevereiro. A renúncia de Quiroga, segundo comunicado da CNova Brasil, “foi uma decisão pessoal acordada com a administração da empresa” e que não tem nada a ver com as investigações as investigações em curso.

Uma ação coletiva foi aberta em NY questionando a CNova Foto: Tasso Marcelo|Estadão

PUBLICIDADE

Roubo. A CNova passa por um período turbulento. No 18 de dezembro, a empresa comunicou ao mercado que estava fazendo uma investigação interna para apurar possíveis irregularidades na gestão dos estoques do Brasil. A empresa é resultado da fusão entre os ativos do Casino, como a CDiscount, com os do Pão de Açúcar (Nova Pontocom, que opera os sites do Extra, Casas Bahia e Ponto Frio).

A companhia estaria sendo vítima de roubo por um grupo de funcionários que atuavam nos sete centros de distribuição da CNova, desviando eletroeletrônicos e eletroportáteis devolvidos para comercializá-los ilegalmente. O esquema, segundo fontes, ocorria há pelo menos cinco anos. 

No dia 12 de janeiro, a companhia voltou ao mercado para informar que suas receitas líquidas foram infladas em cerca de R$ 110 milhões, no acumulado até 31 de dezembro de 2015, em virtude dessas irregularidades. As provisões para essas perdas poderiam reduzir o lucro antes de juros e impostos (Ebit) da empresa. O balanço de 2015 será divulgado dia 24 de fevereiro.

A companhia identificou saldos adicionais de contas a pagar de fornecedores e provedores no valor de R$ 70 milhões, que também exigirão provisões. Além disso, será necessária uma redução na mensuração do valor de itens danificados ou devolvidos de cerca de 10% dos estoques.

Ação coletiva. Na quinta-feira, o escritório de advocacia Glancy Prongay & Murray, com sede em Los Angeles, entrou com uma ação coletiva em Nova York contra a CNova, o comando da empresa e os bancos que cuidaram da abertura de capital da companhia. Os advogados argumentam que a empresa burlou as leis do mercado de capitais dos EUA ao não divulgar adequadamente as informações relacionadas aos desvios de produtos e às investigações. 

Publicidade

Aparecem como réus no processo, além da companhia, nove bancos e 11 executivos. Entre eles, está o diretor financeiro Vitor Faga de Almeida, o diretor Eleazar de Carvalho Filho e o copresidente, Emmanuel Grenier. Nesta sexta-feira, as ações negociados na Nasdaq fecharam a US$ 2,21, queda de 25% desde o dia 18 de dezembro. 

Procurada para falar sobre o processo, a CNova não retornou os pedidos de entrevista.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.