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Comissão aprova convocação de Denise, Zuannazzi e Teixeira

Ex-diretora da Anac terá que explicar no Senado acusações contra Dilma envolvendo a compra da Varig

Por Cida Fontes
Atualização:

A Comissão de Infra-Estrutura do Senado aprovou nesta quinta-feira, 5, três requerimentos para a convocação da ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu, do ex-presidente da Anac, Milton Zuannazzi, e do juiz Luiz Roberto Ayoub para explicarem o processo de compra e venda da Varig. Em entrevista ao Estado, Denise acusou a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, de pressioná-la para aprovar a venda das empresas ao grupo formado pelo fundo americano Matlin Patterson e três sócios brasileiros.   Também serão convidados o advogado e compadre do presidente Lula, Roberto Teixeira, o ex-procurador da Fazenda Manoel Felipe Brandão e Leur Lomanto, ex-dirigente da Anac. As datas para convocação ainda não estão fechadas, mas é provável que Denise Abreu compareça à Comissão na próxima quarta-feira.   Veja também: Ex-diretores confirmam pressão sobre a Anac Agência considera ilegal controle de estrangeiros Ministério deve investigar denúncias sobre Varig, diz Solange Dilma chama de 'falsas' as denúncias sobre a compra da Varig Documentos provam acusações sobre Varig, diz Denise Abreu Leia a entrevista de Denise Abreu sobre o caso Denúncia sobre compra da Varig é grave, diz Montoro Filho   A decisão da bancada governista de acompanhar a oposição, no pedido de comparecimento de Denise Abreu, foi decidida na quarta-feira à noite pelos líderes do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), e do bloco governista, Ideli Salvatti (PT-SC), depois de contatos com o Palácio do Planalto. A estratégia do PT e PMDB para evitar que o foco do debate se concentre em Denise Abreu, foi a inclusão para a convocação de outras pessoas envolvidas na transação, como Zuanazzi e Ayoub.   Diante dessa ofensiva do governo, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) acrescentou os nomes de Teixeira, Brandão e Lomanto. O senador disse que fundamenta seu requerimento em uma entrevista na qual Brandão afirma que resistiu a assinar um parecer liberando uma dívida de R$ 2 bilhões da Varig com o governo. Já o advogado Teixeira, segundo o requerimento, teria ganho dinheiro para exercer influência a favor do fechamento do negócio.   "Poderíamos ter ido para o voto e ficar apenas nos nomes que sugerimos", reagiu a líder do bloco governista, senadora Ideli Salvatti (SC), deixando claro que, se quisesse, o governo poderia ter derrubado os requerimentos e recorrido ao rolo compressor da maioria para imobilizar a oposição.   O fato é que, com o fracasso da CPI dos cartões corporativos, PSDB e DEM ficaram sem instrumentos de pressão para atingir a chefe da Casa Civil. "A oposição teme Dilma como candidata à Presidência da República", afirmou o líder do gorverno no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Na avaliação do governo, medir força com PSDB e DEM seria traduzido em medo, passando a versão de que a ordem é de não apurar nada. Apenas o senador Edison Lobão Filho (sem partido-MA) foi contra os requerimentos.   O presidente da Comissão de Infra-Estrutura, Marconi Perillo, marcou a primeira audiência para a próxima quarta-feira, às 10 horas. As audiências envolvendo os dois lados na operação de compra e venda da Varig e VarigLog serão, na avaliação do líder governista, decisivas para esclarecer as dúvidas. O que já ficou decidido é que sete pessoas participarão da primeira audiência pública semana que vem, ficando outras cinco para o dia 18 de junho. Assim haverá uma espécie de acareação e o governo poderá se aproveitar de eventuais contradições, não deixando a palavra apenas com Denise Abreu.   A ministra-chefe da Casa Civil, embora seu nome não seja alvo de requerimento, foi bastante citada durante a sessão, principalmente por senadores do governo, como Wellington Salgado (PMDB-MG), que acusa os governistas de tentarem criar um fato político. "Por que Denise nada falou na CPI da Crise Aérea e vem, agora, depois de tanto tempo, dar essa entrevista?", questionou Salgado, afirmando que o alvo principal da oposição é a ministra.    

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