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Condomínios lutam para manter sua mão de obra

Cursos de formação tentam suprir carência de profissionais no Estado. Capital deve ter 3,6 mil novos empregos até o fim de 2012

Por Gustavo Coltri
Atualização:

Músicas para os ouvidos da maior parte dos segmentos da economia, a expansão do emprego no País e o boom imobiliário dos últimos anos soam como ruído para as administradoras de condomínio quando o assunto é mão de obra especializada. De acordo com representantes do setor, há falta de trabalhadores em todos os níveis, de faxineiros a gerentes prediais, exigindo que as empresas invistam em treinamento, e os trabalhadores, em qualificação profissional.

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"Houve uma migração principalmente de porteiros e faxineiros para a construção civil, que teve um crescimento grande em 2009 e 2010. Eles saem dos condomínios e voltam um ou dois anos depois", diz o diretor da administradora Hubert e vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Hubert Gebara.

A baixa remuneração dos profissionais nos edifícios tem estimulado a escolha por outros segmentos. Os porteiros mais bem pagos da capital entre os 1,4 mil condomínios atendidos pela administradora Lello estão nos Jardins e ganham em média R$ 1,2 mil. Na construção civil, um pedreiro recebe R$ 1.435, de acordo com levantamento do site de empregos Catho Online. Buscando recuperar parte da lacuna, o sindicato dos funcionários condominiais realiza sua campanha salarial de 2011 (leia mais abaixo).

O desenvolvimento de outros Estados da Federação, segundo Gebara, também estimulou a migração de profissionais para outras regiões do País. "Com o crescimento de áreas como o Nordeste, houve uma diminuição da fonte de mão de obra." Na Lello Condomínios, a rotatividade de pessoal teve um incremento de 21% no primeiro semestre em relação a igual período do ano passado. Entre os que mudaram de emprego, a demissão voluntária cresceu de 20% dos desligamentos em 2010 a 23% neste ano. "Se antigamente havia dez pessoas concorrendo a uma vaga, hoje há três 0u duas. Não passa muito disso", diz o gerente de relações humanas da empresa, José Maria Bamonde.

Para fugir da escassez, a solução adotada pela A3 Mão de Obra Especializada, empresa do Grupo Itambé, é investir em qualificação. "Hoje, temos de contratar pessoas sem experiência e treiná-las." Segundo especialistas, o oferecimento de cursos é crescente entre administradoras e entidades ligadas ao setor - objetivando dar conta, inclusive, das novas exigências do mercado. "Hoje, não se admite uma pessoa analfabeta", exemplifica o presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios (Aabic), Rubens Elias Carmo Filho.

Oasis. A entrega de 520 novos condomínios na capital até o fim de 2012 também deve gerar aproximadamente 3,6 mil novos postos - cada empreendimento tem em média sete funcionários -, ampliando ainda mais a procura por mão de obra. No entanto, já atualmente, a quantidade de gerentes condominiais não para de crescer, especialmente em edifícios de alto padrão. No último ano, por exemplo, o número de gestores ligados à Lello dobrou em dois anos, chegando a 40 em 2011.

Há espaço ainda para síndicos profissionais, de acordo com o professor de cursos de gestão condominial Sergio Craveiro. "É impressionante. O aluno me passa um e-mail na semana seguinte em que acaba o curso informando que conseguiu um contrato."

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A escassez de profissionais acaba de motivar na Aabic a criação de um curso de formação de gerentes de condomínio. Com inscrições abertas até terça-feira, a capacitação reunirá 40 alunos a partir de 1º de outubro.

Em cargos gerenciais, a predileção das empresas é por trabalhadores mais experientes, como mostra a história da gestora Denise Monteiro, de 55 anos. Responsável por um condomínio comercial no Alto de Pinheiros, ela diz receber com frequência propostas de emprego. "A idade é benéfica por mostrar responsabilidade e maturidade."

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