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Consórcio vencedor é o Norte Energia (Queiroz Galvão), confirma Aneel

Preço vencedor foi de R$ 77,97 por megawatt-hora (MWh), com deságio de 6,02%

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast), Gerusa Marques e da Agência Estado
Atualização:

O diretor geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, confirmou nesta terça-feira, 20, que o consórcio vencedor do leilão da usina de Belo Monte foi o Norte Energia, constituído por nove empresas. Compõem este consórcio a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), a construtora Queiroz Galvão, Galvão Engenharia, Mendes Júnior Trading Engenharia, Serveng-Civilsan, J Malucelli Construtora de Obras, Contern Construções e Comércio, Cetenco Engenharia, e Gaia Energia e Participações.

 

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De acordo com Hubner, o preço vencedor foi de R$ 77,97 por megawatt-hora (MWh). O ponto de partida do leilão era de R$ 83 por MWh. "O deságio foi portanto de 6,02%", calculou o diretor. Para o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, preço atingido é bastante positivo. "Este preço é uma vitória para se comemorar", afirmou. Ele deu como exemplo os preços por MWh proveniente de outros tipos de geração de energia. No caso de térmicas, o valor seria de "duzentos e poucos reais", segundo o ministro. Já no caso de uma planta nuclear, o valor sairia entre US$ 70 ou US$ 80.

 

Sobre os incentivos oferecidos aos consórcios, Zimmermann disse que não há nenhuma novidade em relação aos leilões de Jirau e Santo Antônio. Ele afirmou ainda que o financiamento de 30 anos pelo BNDES é "razoável". "O Brasil está mais aderente agora em relação ao que ocorre em investimentos em infraestrutura no resto do mundo", comentou.

 

Mercado cativo

 

O Consórcio Norte Energia, vencedor do leilão, vendeu 70% da oferta da usina para o mercado cativo a um preço de R$ 77,97/MWh, segundo informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Outros 10% da energia da hidrelétrica foram destinados para autoprodutor e 20% serão comercializados aos consumidores livres. O volume de negócios no mercado cativo é da ordem de R$ 61,98 bilhões.

 

Financiamento do BNDES

O presidente do consórcio Norte Energia e diretor da Chesf, José Ailton de Lima, disse que as condições oferecidas pelo BNDES de financiamento para construção da usina hidrelétrica de Belo Monte "talvez sejam umas das melhores do mundo". Segundo ele, isso faz parte do momento atual da economia brasileira de estabilidade. "Nós vamos buscar todos os benefícios compatíveis com o projeto", disse Lima. O BNDES vai financiar até 80% do valor da construção orçada em R$ 19 bilhões.

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O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse que as condições atuais no Brasil de financiamento estão mais parecidas com o resto do mundo.

 

Comunidades locais

 

Lima afirmou que haverá negociação entre as empresas do consórcio vencedor do leilão da usina de Belo Monte, no Pará, e as comunidades locais. Ele fez a afirmação durante entrevista coletiva, ao ser questionado sobre se o consórcio está preparado para lidar com as promessas de intensificação de manifestações contrárias à construção da usina. "Estamos vivendo um estado de direito democrático e a situação será enfrentada com as ferramentas deste estado de direito", considerou.

 

Ele disse que não há motivo para o consórcio se sentir temeroso, até porque ele já está habituado a esse tipo de manifestação na Chesf. "Ganhamos o leilão, mas haverá negociação com as comunidades."

 

O presidente do consórcio acrescentou que o grupo terá uma longa caminhada a partir de hoje até o início das obras. Uma das primeiras conquistas, segundo ele, será obter a licença de instalação (LI).

 

Lima evitou traçar uma data para o início das obras. "Neste momento, é difícil dar uma previsão. Como empreendedor, quero o mais rápido possível", comentou. Ele disse que há possibilidade de a construção ser iniciada em 2010, mas voltou a dizer que esse prognóstico é de um empresário que quer ver o resultado do seu trabalho.

 

O presidente do Norte Energia respondeu também a jornalistas que citaram o valor de investimento de R$ 19 bilhões - previsto no edital para a construção da usina - como insuficiente, na avaliação de alguns analistas de mercado. "Analistas temos para tudo, inclusive para astrologia", ironizou. Em seguida, Lima disse ser possível fazer a obra com base na tarifa indicada no leilão desta terça-feira. "Eu tenho a minha projeção e cada um tem a sua, mas eu respondo pela minha", disse.

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(Texto atualizado às 17h25)

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