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Consultoria da ANP avalia barril do pré-sal entre US$ 10 e US$ 12

Valor estipulado fica distante dos US$ 5 a US$ 6 calculados pela certificadora contratada pela Petrobrás, que tenta um acordo

Por Kelly Lima
Atualização:

O preço de cada barril das reservas que a União vai repassar à Petrobrás foi avaliado entre US$ 10 e US$ 12 pela certificadora Gaffney, Cline & Associates (GCA), contratada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

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O laudo deve ser entregue oficialmente hoje, mas ontem, segundo fontes, os valores ocuparam o centro de uma reunião conciliatória, realizada em Brasília, com participação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, além de representantes da ANP e do Ministério do Planejamento.

O objetivo era chegar a um valor não tão elevado quanto o proposto à ANP e nem tão mais baixo quanto o que será apresentado pela Petrobrás, calculado pela De Golyer and McNaughton, entre US$ 5 e US$ 6. A margem elástica entre as duas estimativas surpreendeu técnicos da própria ANP, que esperavam algo entre US$ 8 e US$ 10. Um valor excessivamente alto para as reservas, de 5 bilhões de barris, poderia inviabilizar todo o processo de capitalização da Petrobrás.

"Em tudo que se refere à capitalização está havendo muito barulho. Isso atrapalha. Melhor deixar o processo ocorrer naturalmente", comentou ontem o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, dizendo desconhecer a discussão sobre um eventual adiamento. Do ponto de vista geológico, diz um especialista, as reservas poderiam ser vendidas por um valor em torno dos US$ 10 por barril, mas o mercado não seria capaz de absorver mais do que US$ 8.

Segundo uma fonte da área técnica do Ministério da Fazenda, existem de fato pressões para postergar a operação. Entre outros motivos, estaria o cronograma, já apertado. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, entretanto, também afirmou ontem que "não tem nenhuma posição de adiar" a capitalização.

Embora sejam operações juridicamente diferentes, a cessão onerosa e a capitalização estão intimamente ligadas. As reservas que a Petrobrás irá adquirir da União situam-se numa área chamada de Franco, no pré-sal da Bacia de Santos. A diferença de preços das duas consultorias é resultado, em linhas gerais, de conceitos técnicos distintos para a interpretação geológica da área.

"Franco é, sem dúvida, o melhor prospecto existente no pré-sal da Bacia de Santos", disse uma fonte, confirmando que o potencial dessa área é melhor do que o de Tupi, como já havia sido insinuado o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima.

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Se o valor dos barris ficar na cotação mínima apontada pela GCA, de US$ 10, a área custará à Petrobrás US$ 50 bilhões. O valor é idêntico ao que vinha sendo estimado pelo mercado para toda a capitalização. Somente nesse padrão, a operação seria um recorde mundial e os acionistas minoritários da companhia teriam dificuldades para acompanhar o aumento de capital. Colaborou: Leonardo Goy

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