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Copel suspende reajuste de tarifas e vai pedir novo diferimento

A distribuidora de energia Copel <CPLE6.SA> resolveu suspender o reajuste das tarifas de energia aprovado pela Aneel nesta terça-feira, a pedido do governo do Paraná que controla a companhia. Com isso, a empresa pedirá novamente o diferimento do reajuste, como fez em 2013. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou um reajuste médio de 35,05 por cento na tarifa de energia dos consumidores da companhia. Mas, logo após o anúncio, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), pré-candidato à reeleição em outubro, disse em sua conta no Twitter que pediria a suspensão do reajuste, "para buscar uma solução junto com a Copel". Após o posicionamento de Beto Richa no Twitter, a ação da Copel devolveu alta de mais de 3 por cento e passou a cair. O papel da companhia fechou o pregão com queda 0,24 por cento, à 32,8 reais. O presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, afirmou em entrevista à Reuters mais cedo nesta terça-feira que a empresa buscará uma solução equilibrada para não prejudicar nem consumidores, nem ela mesma. "Pode ser possível aliviar sem grandes sacrifícios, ou sacrificando parcialmente, aí todo mundo se sacrifica um pouco -- o consumidor paga um pouco mais, a distribuidora investe um pouco menos e também os acionistas têm que ter um pouco mais de paciência", disse o presidente da Copel, antes da reunião do Conselho que decidiu sobre a suspensão do reajuste. Companhia e o governo do Paraná vão agora realizar "análises técnicas para identificar a melhor forma de aplicação do diferimento", para formular um pleito a ser apresentado à Aneel, segundo comunicado divulgado pela Copel após o fechamento dos mercados. A Copel já tinha pedido o parcelamento do reajuste da tarifa do ano passado, o que foi atendido pela Aneel na época. Na ocasião, a agência aprovou que fosse aplicado em 2013 um aumento médio de 9,55 por cento nas tarifas dos consumidores da empresa ante o reajuste total aprovado de 14,61 por cento. O presidente da Copel defendeu nesta terça-feira que para a solução deste ano seja encontrado também um "ponto de equilíbrio" entre aumento da tarifa e recebimento de receita pela empresa, para manter a companhia saudável financeiramente. "O ideal para a empresa é receber o reajuste integral, o ideal para o consumidor é não pagar reajuste nenhum. Então, nós temos que achar um ponto de equilíbrio onde as partes se sintam adequadamente satisfeitas", disse Zimmer.

Por ANNA FLÁVIA ROCHAS E LEONARDO GOY
Atualização:

REAJUSTE PODERIA SER MAIOR

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O reajuste tarifário da Copel seria ainda maior se a Aneel tivesse decidido aplicar neste ano parte do reajuste de 2013 que ainda não foi repassado para a tarifa.

A Aneel, visando "repassar ao consumidor um aumento menos penoso", não incluiu no reajuste da Copel deste ano os componentes financeiros referentes ao que deixou de ser aplicado em 2013, o que resultaria em um aumento ainda maior para os consumidores neste ano.

Segundo voto do relator do caso na Aneel, o diretor-geral Romeu Rufino, como a própria distribuidora não estabeleceu como condição para o diferimento solicitado em 2013 a imediata restituição dos valores em 2014, a Aneel decidiu adiar para um processo tarifário futuro a inclusão do que foi represado.

Mesmo sem aplicar esse efeito, o reajuste ainda foi um dos maiores já decididos pela agência este ano diante do aumento nos custos de energia da companhia.

"A Copel tinha um volume grande de energia velha no seu mix, com preços mais baratos, e tanto no leilão (de energia) no fim do ano passado, como no leilão de abril, essa energia que foi contratada em substituição da energia existente foi a valores acima daqueles que vinham sendo considerados nos processos tarifários", disse Rufino.

CONTRATAÇÃO DE ENERGIA

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No leilão de abril, destinado a reduzir a descontratação das distribuidoras de energia, a Copel contratou a maior parte da energia negociada, o equivalente a quase 19 por cento do volume total negociado.

A empresa precisava contratar essa energia no certame para reduzir a descontratação e os gastos imediatos que estava tendo no curto prazo para comprar energia mais cara, em momento de forte geração termelétrica no país. No entanto, ao fazê-lo a companhia agregou ao mix de energia distribuída aos consumidores a partir de maio eletricidade a um preço ainda considerado alto, o que colaborou para o forte aumento tarifário aprovado nesta terça-feira.

Entretanto, se a empresa não tivesse conseguido contratar energia no leilão, teria que continuar arcando com fortes gastos no curtíssimo prazo para comprar energia, o que afetaria ainda mais o custo da energia para o consumidor no futuro.

O preço da energia contratada no leilão A-0, realizado em 30 de abril, ficou em média em 268,33 reais por megawatt-hora, quando o preço da energia comprada no curto prazo (dado pelo Preço de Liquidação de Diferenças - PLD) estava acima dos 800 reais por MWh.

Outras distribuidoras que ainda não passaram por reajuste tarifário neste ano e que contrataram energia no leilão A-0 --como Light, Elektro e Eletropaulo-- também sentirão o efeito do preço dessa energia nos reajustes. Mas o impacto variará dependendo da quantidade de eletricidade que cada empresa contratou.

A CULPA NÃO É NOSSA

O presidente da Copel defendeu que o forte aumento da tarifa não é culpa da companhia, que compra energia em leilões públicos promovidos pelo governo federal.

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"Nós não temos a menor culpa sobre essa tarifa. Nós não escolhemos de quem comprar a energia ... isso vem em função dos leilões que são promovidos pelo governo federal. Nós apenas declaramos quanto de energia nós precisamos", disse.

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Zimmer disse que o reajuste aprovado pela Aneel "foi uma surpresa", conforme o governador paranaense Beto Richa já havia dito mais cedo. "Fui surpreendido com a decisão do governo federal de aumentar a luz em 35,05 por cento", disse o governador na sua conta do Twitter.

A Aneel, no entanto, explicou que o reajuste aprovado ficou abaixo do pedido pela companhia. Segundo a agência, o índice de reajuste tarifário aprovado para a Copel, sem considerar os efeitos dos componentes financeiros do represamento de 2013, ficou, em média, em 30,78 por cento -- inferior ao pedido feito pela empresa de um reajuste (sem esses efeitos financeiros) de 32,45 por cento.

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