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Credores do Schahin querem barrar plano de recuperação e forçar falência

Em reunião marcada para hoje, grupo de credores, formado basicamente por grandes bancos nacionais, deve tentar impedir a aprovação do plano de recuperação judicial da empresa; falta de consistência do plano seria uma das motivações para o movimento

Foto do author Cynthia Decloedt
Por Cynthia Decloedt (Broadcast)
Atualização:

Os credores do Grupo Schahin, em recuperação judicial, formados basicamente por bancos nacionais, devem tentar impedir a aprovação do plano de recuperação judicial da empresa na assembleia que acontece hoje, em São Paulo, segundo apurou o ‘Broadcast’, serviço em tempo real da ‘Agência Estado’. Se o plano não for aprovado pela maioria dos credores, a consequência natural seria a declaração de falência da empresa pelo juiz da recuperação judicial.

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A votação do plano de recuperação foi adiada no final de janeiro quando, com os ânimos “bastante alterados”, esse grupo de credores defendeu a tese da falência do Schahin, afirmou uma fonte. Alguns dizem que a falta de consistência do plano estaria por trás dessa tese, mas outras fontes avaliam que as instituições financeiras estariam cansadas de negociar com o grupo.

A tese sobre a inconsistência no plano estaria no fato de que o Schahin propõe utilizar o fluxo operacional futuro do navio-sonda Vitória 10000 para o pagamento de suas dívidas com credores ao longo dos próximos 15 anos. O grupo de bancos seria credor de US$ 300 milhões do grupo Schahin.

O Vitória está entre as 23 sondas citadas em uma auditoria interna da Petrobrás que investiga superfaturamento de contrato de construção e locação para pagamento de propina a políticos, na esteira da Operação Lava Jato.

Em desdobramentos mais recentes, a Lava Jato apurou que o Vitória 10000 teria sido contratado em 2009 irregularmente pela Petrobrás para compensar empréstimo concedido ao PT tomado pelo pecuarista José Carlos Bumlai no Banco Schahin.

Grupo de bancos seria credor de cerca de US$ 300 milhões da Schahin Foto: Divulgação

Em janeiro, a força-tarefa da Lava Jato passou a investigar também qual foi o suposto papel de um grupo de bancos privados, de grande e médio porte, em crimes financeiros envolvendo contratos avaliados em US$ 15 bilhões entre o grupo Schahin e a Petrobrás. Esses bancos teriam ainda a receber US$ 350 milhões da Schahin, de acordo com documento da Receita Federal, usado nas investigações.

A Receita Federal listou 13 bancos: Itaú BBA, Bradesco, o inglês HSBC, o espanhol Santander, Votorantim, Bonsucesso, Fibra, ABC Brasil, Bic, Pine, Tricury e Rural (hoje em liquidação extrajudicial). Os “bancos coordenadores”, que, além de emprestar o dinheiro, tinham um papel mais atuante nas negociação das condições dos empréstimos são: Itaú BBA, Votorantim e HSBC. Fontes disseram que esses três bancos seriam os maiores credores no grupo de 13 bancos. Procurados, Itaú BBA, Votorantim e HSBC disseram que não vão comentar.

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Prazo. O prazo máximo para a votação do plano concedido pelo juiz da recuperação judicial, vai, por enquanto, até março, informou uma fonte. O pedido de recuperação judicial data de abril e a aprovação do plano deveria ter acontecido em novembro. O juiz responsável pelo caso já concedeu, entretanto, prazo adicional por duas vezes, de 90 dias e, no mais recente, de 60 dias, que termina em março.

Além dos bancos, são credores do Schahin dois fundos abutres, que compraram a dívida do banco Mizuho, anteriormente, o segundo maior banco credor do grupo Schahin, com créditos de cerca de US$ 500 milhões. A Petrobrás também é credora, assim como detentores de bônus de companhias do grupo no exterior. Em abril, na apresentação do pedido de recuperação judicial, as dívidas somavam R$ 6,5 bilhões.

O plano de recuperação a ser votado ainda considera a expectativa da obtenção de um financiamento do tipo debt in possession (DIP) de US$ 25 milhões, com condições a serem negociadas diretamente com os credores.

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