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Déficit em conta corrente não deve ser temido, diz Maílson da Nóbrega

Para o ex-ministro, déficit não preocupa porque há oferta abundante de financiamento externo e o País não está usando esse mecanismo para financiar consumo, e sim investimento

Por Ana Conceição e da Agência Estado
Atualização:

O déficit em conta corrente do País não é algo a ser temido neste momento, afirmou hoje o  economista e ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, sócio da Tendências Consultoria, durante o 12.º Seminário Perspectivas da Economia Brasileira, realizado em São Paulo. "As análises que criticam o déficit em conta não estão equivocadas, mas levam em conta um Brasil do passado, um outro País, quando as reservas eram baixas, o câmbio era fixo e a estabilidade era precária", afirmou. "Não podemos ter medo do déficit."

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Para o ex-ministro, o déficit não preocupa neste momento porque há oferta abundante de financiamento externo e o País não está usando esse mecanismo para financiar consumo, e sim investimento. Além disso, afirmou, "o déficit não está sendo financiado com dívidas como no passado, mas com capitais. Há US$ 360 bilhões em investimento externo na Bovespa", afirmou.

Maílson considera, contudo, que a situação não exime o governo de realizar reformas estruturais, como a tributária, para elevar o investimento. "Essa situação, em algum momento, será grave, se a taxa de poupança e produtividade não for elevada", avaliou.

Selic

O ex-ministro da Fazenda considerou adequada a elevação da taxa Selic em 0,75 ponto porcentual para 9,5%, ontem, diante dos sinais do que considera "superaquecimento" da economia. "Há sinais inequívocos de superaquecimento. Os preços estão subindo por excesso de demanda. A decisão foi unânime. O risco agora não é de crescimento, mas de inflação". A estimativa da Tendências é que ó PIB brasileiro cresça 8% no primeiro trimestre.

A elevação da taxa de juros, afirmou, deve influenciar as expectativas de inflação, para baixo, a partir de agora.Dados divulgados pelo Banco Central no dia 22 apontam que o Brasil registrou déficit nas contas externas de US$ 12,145 bilhões no primeiro trimestre deste ano, no pior resultado desde 1947. 

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