Os preços elevados dos alimentos e da energia geram complicações neste momento de recuperação econômica global. "Isso trará grandes problemas para muita gente", afirmou o economista americano Jeffrey Sachs, em entrevista ao Grupo Estado. Ele acredita que o mundo está vulnerável a choques, diante da demanda crescente por comida.
A disparada das commodities tem gerado tensão social e instabilidade política, como os acontecimentos recentes no norte da África. "Nesses lugares, os líderes estão no poder há 20 anos ou mais e, em política, o importante é a transferência de poder", disse.
Sachs avalia que a recuperação econômica global está até robusta, uma vez que prevê crescimento mundial de 4% a 4,5% em 2011 e avanço em torno de 3% para os Estados Unidos. Entretanto, o diretor do Earth Institute da Universidade de Columbia embarca no tom comedido do Fórum Econômico Mundial deste ano ao expor os riscos ainda presentes, como a vulnerabilidade a novos choques financeiros. "A crise global passou, mas os problemas que ela expôs seguem sem solução."
Ele acredita que o Brasil está em "boa forma" para o médio prazo, pois as reformas realizadas nos últimos 20 anos pelos governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva colocaram o País em "boa direção". Agora, o Brasil tem de torcer pelo bom desempenho da China em razão do elo econômico existente com a potência asiática.
"A China é realmente a força das exportações brasileiras", disse, ao lembrar que os "altamente atrativos" projetos da Vale na África são direcionados ao mercado chinês.