Os dados sobre a economia da China divulgados nesta terça-feira, 18, sugerem que a nação que há tempos conta fortemente com suas exportações está cada vez mais observando um crescimento de sua demanda doméstica, um potencial benefício para a economia global, de acordo com uma reportagem do jornal The Wall Street Journal.
Os números chineses - que mostraram um crescimento de 9,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado e abaixo dos 9,5% registrados segundo trimestre - ficaram ligeiramente abaixo das previsões de analistas, que apontavam para um crescimento de 9,2%, e causaram uma certa preocupação nos mercados.
Ainda assim, o ritmo de crescimento foi bem recebido por economistas, que viram nos dados uma evidência de que a China pode, sem prejudicar seu crescimento de uma maneira muito séria, guiar sua economia para um pouso suave enquanto luta para domar a inflação.
Os números também deram um sinal de que a demanda doméstica da China está parcialmente compensando o menor apetite pelas exportações. Com isso, o país fica em uma posição melhor para enfrentar quedas moderadas nas exportações e permanece como um elemento precípuo para o crescimento global, já que o aumento do consumo alimentar demanda matérias-primas e outros bens de todo o mundo.
O crescimento da China até agora foi registrado apesar de um ambiente de deterioração para as suas exportações. Ao longo dos três primeiros trimestres, as exportações líquidas reduziram a taxa de crescimento econômico do país em 0,1 ponto porcentual, segundo disse à margem de uma entrevista à imprensa Sheng Laiyun, porta-voz do National Bureau of Statistics.
"Até agora neste ano, especialmente no terceiro trimestre, o crescimento das importações de bens e serviços da China superou o crescimento das exportações", afirmou ele. "Isso mostra que a contribuição da economia chinesa para a recuperação global está aumentando."
A posição da China como a maior exportadora do mundo tem sido tanto uma fonte de força como de ocasional fraqueza. O crescimento econômico da China caiu abaixo de 7% no quarto trimestre de 2008 e no primeiro trimestre de 2009, durante a pior fase da crise financeira global, o que provocou preocupações em um país no qual um crescimento de 8% ou mais é considerado necessário para assegurar estabilidade em meio à rápida urbanização da sociedade.
Desde então, as autoridades chinesas renovaram os esforços para promover o consumo doméstico e fizeram progressos para o reequilíbrio da economia sem depender tanto das exportações. O superávit em conta corrente do país era de apenas 2,8% do PIB no primeiro semestre de 2011, comparado com mais de 10% em 2007.
"Mesmo se as economias ocidentais sofrerem uma nova recessão, o impacto no crescimento chinês deve ser bem menor do que três anos atrás. A China se tornou bem menos dependente da demanda externa", disse Qu Hongbing, economista do HSBC.
Outros indicadores divulgados hoje sinalizaram para um momento positivo por que passa o país. O total de vendas no varejo em setembro subiu 17,7% na comparação com o ano passado, comparado com um aumento de 17% em agosto. O crescimento da produção industrial se acelerou inesperadamente em setembro, em uma alta de 13,8% ante o ano anterior, superando a alta de agosto deste ano (13,5%) e do ano passado (13,3%) estimada pelos economistas.
"As altas na produção industrial e nas vendas no varejo são surpreendentes e reforçam nossa visão de que o crescimento da China é cada vez mais guiado pela demanda doméstica, que permanece forte", disse em nota Zhiwei Zhang, economista do Nomura.
As informações são da Dow Jones.