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Depois de suspensão de três anos, Penalty volta a fabricar na Argentina

Empresa de materiais esportivos reativa fábricas no país vizinho após terminar reestruturação financeira para redução de dívidas; produção será de calçados e meias esportivas

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Por Fernanda Guimarães
Atualização:

A fabricante brasileira de artigos esportivos Penalty decidiu que retomará a operação na Argentina, três anos depois de ter suspendido a produção no país. O valor do investimento não foi divulgado, mas marca um movimento importante do Grupo Cambuci, dono da marca, após passar, há poucos anos, por uma reestruturação financeira para redução de dívidas.

Por lá, a produção será de calçados e itens de confecção, como meias esportivas. Serão três plantas na Argentina: uma em Chivilcoy, na Província de Buenos Aires, e as outras duas nos bairros Agronomía e Olivos, ambos na capital argentina. 

Emerson Shiromaru, presidente da Penalty da Argentina. Foto: Victor Yokoy/Penalty -10/8/2021

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A decisão de abandonar a produção na Argentina, em 2018, se deu por causa da crise econômica vivida pelo país vizinho, que tornou os resultados locais da empresa “insuficientes”, conforme apontam demonstrativos financeiros do Cambuci na época. Nos últimos anos, a empresa seguiu atuando na Argentina – com operação liderada por Emerson Shiromaru –, mas com produtos importados do Brasil.

O retorno à produção na Argentina, país amante do futebol como o Brasil, traz um sinal positivo de que a empresa está conseguindo se reerguer, após ter atravessado anos difíceis, diante de queima de caixa e dívidas em ascensão.

Na época, para colocar a casa em ordem, a empresa teve de passar por um ajuste da operação, o que incluiu forte redução de custos e um reestruturação das dívidas. Foi nesse período que definiu que iria interromper sua operação na Argentina e no Chile. Em 2019, os resultados começaram a melhorar, até que chegou a pandemia, com clubes e áreas esportivas fechadas.

Ainda assim, os resultados começam a ganhar um fôlego. Nos primeiros seis meses do ano, o grupo faturou R$ 81,7 milhões, crescimento de 32% na relação anual. A empresa, contudo, tem registrado prejuízo pelos efeitos da pandemia. De janeiro a junho deste ano foi de R$ 1,8 milhão – ante perda de R$ 10 milhões no mesmo intervalo do ano passado. 

O Grupo Cambuci detém também a marca Stadium, focada em produtos para outros esportes, visto que a Penalty concentra material para a prática de futebol. A Cambuci é uma empresa de capital aberto na Bolsa brasileira. No ano, registra desvalorização das ações de cerca de 12%, com sua ação fora do radar dos investidores.

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Além dessa fábrica na Argentina, a Penalty tem três unidades fabris no Brasil. Uma é dedicada à produção de calçados e caneleiras, na Paraíba, e duas ficam na Bahia: uma produz bolas de futebol e a outra, meias e linhas elásticas. 

A Penalty, que já estampou a camisa de diversos clubes de futebol, não tem mais esse tipo de contrato. O último, com o São Paulo Futebol Clube, encerrou-se em 2015. Agora, os patrocínios no esporte se concentram apenas em atletas.

O presidente da Corporate Consulting, Alberto Paiva, diz que o ambiente competitivo para as companhias nacionais no setor esportivo é muito desafiador, em um mercado dominado por gigantes globais como Nike, Adidas e Puma. “O mercado esportivo vive a base de patrocínio, algo que tem preço extremamente alto”, diz Paiva.

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