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Descubra quando o coworking pode ser bom para sua empresa

Oferta de salas privativas e espaço para relacionamento com outras empresas são expedientes usados como atrativo

Por Bruno de Oliveira
Atualização:
Bruno Graziano e Everton Oliveira, da Controle Remoto Filmes, optaram pelo coworking no lugar de uma sala comercial Foto: JF Diorio/Estadão

O conceito de espaço comercial compartilhado chamado coworking desembarcou no Brasil vindo dos EUA há três anos. No início, investidores apostaram neste tipo de negócio levando em consideração a alta dos preços das salas comerciais promovida pelo mercado imobiliário.

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::: Siga o Estadão PME nas redes sociais ::: :: Twitter :: :: Facebook :: :: Google + :: Oferecendo estrutura básica ao empreendedor - como mobiliário, internet e telefone - a preços competitivos, não demorou muito para que o serviço entrasse no radar de pequenos e médios negócios em busca de um lugar para começar a trabalhar. Três anos depois, contudo, as estratégias dos espaços de coworking ainda passam por ajustes com o objetivo de massificar o serviço e atrair mais usuários, que ainda se sentem divididos entre os pontos positivos e negativos que envolvem a contratação deste tipo de serviço. Para Christian Barbosa, consultor especializado em produtividade e colaboração, trabalhar em um espaço compartilhado traz como maior benefício a presença de profissionais com interesses afins dentro de um mesmo espaço, promovendo intercâmbio de experiências e possibilidades de negócios. "Quando a empresa ainda é pequena, com duas ou até quatro pessoas trabalhando nela, o conceito de coworking funciona muito bem porque pode gerar negócios importantes para a fase inicial da empresa. Isso, aliado ao preço médio cobrado pelas estações de trabalho, que é acessível, torna a oferta interessante para empresas iniciantes", explica Barbosa. O especialista aponta, no entanto, que empresas com um número maior de funcionários podem se equivocar ao escolher um espaço desse tipo. "No caso das empresas que têm de cinco a seis funcionários, por exemplo, o espaço compartilhado pode prejudicar o desempenho dos colaboradores, uma vez que eles estão inseridos em um ambiente com diferentes empresas, diferentes comportamentos profissionais. Além disso, o espaço de coworking não consegue criar uma cultura de networking para negócios um pouco maiores, que já possuem mais clientes, que necessitam de mais espaço", completa.

Estar inserido em um ambiente com outras empresas foi um dos fatores que fizeram com que a Controle Remoto Filmes trocasse uma sala comercial na avenida Ipiranga, região central de São Paulo, por um espaço compartilhado na região da Santa Cecília. A ideia surgiu depois que os sócios Bruno Graziano e Everton Oliveira perceberam que os demais negócios que funcionavam no prédio do centro - a maioria escritórios de advocacia - impunham uma rotina ao local que prejudicava as atividades da produtora. "O prédio funcionava apenas no horário comercial porque os escritórios de lá trabalham neste período. Isso nos atrapalhava porque, às vezes, tínhamos tarefas que demandavam mais horas de trabalho, que acabava sendo feito em outro local", conta Everton. "O espaço onde estamos hoje é mais flexível em relação aos horários e existem outras empresas que também trabalham com filmes", completa. Para atender os empreendedores que precisam de mais horas, e até de espaços reservados para os que buscam maior concentração e privacidade, as empresas de coworking têm oferecido salas isoladas de estações de trabalho, além de horários maiores do que o período comercial de oito horas, alguns chegando até a funcionar 24 horas. Outra tendência que vem crescendo entre as empresas que oferecem espaços compartilhados, sobretudo na cidade de São Paulo, é a descentralização, ou seja, atuar em bairros que fiquem fora das principais regiões empresariais da cidade, como as avenidas Paulista, Brigadeiro Faria Lima e Engenheiro Luis Carlos Berrini. A GP Coworking é uma das empresas que apostaram nesta estratégia. Com um espaço que comporta 35 pessoas, e que será inaugurado em março deste ano, o empreendimento tem como objetivo cativar clientes do bairro do Morumbi que se deslocam para outros bairros para trabalhar. "O mercado de coworking já venho monitorando há algum tempo e percebi que o Morumbi é carente de espaços como esse e possui uma demanda interessante. A pessoa que opta pelo coworking quer fazer isso perto da casa dela, por isso escolhemos atuar em regiões descentralizadas", contou Alessandro Vieira, um dos sócios da empresa. Já Paulo Hoffman, sócio da Place2Work, que funciona no bairro da Vila Olímpia desde novembro de 2014, apostou na oferta de salas maiores para atender empresas de quatro a seis funcionários, além das estações de trabalho tradicionais. "Temos verificado uma procura significativa por salas privativas que comportam mais colaboradores. Além disso, há uma demanda importante por parte de clientes que buscam essas salas pontualmente", disse Hoffman. Entre esses clientes, o executivo cita empresas que precisam deslocar funcionários durante eventos fora do estado onde atuam. "Eles aproveitam a estrutura pronta para trabalhar em algo sazonal. O custo é bem menor do que o de uma sala comercial", completa.Segmentação. Além do movimento feito pelas empresas de coworking no sentido dos bairros residenciais, outra tendência que vem ganhando força na área é o de espaços compartilhados destinados a grupos específicos de profissionais. Para Ermísio Martines Dias, presidente da Associação Nacional de Coworking e Escritórios Virtuais (Ancev), as empresas observaram que a segmentação da oferta pode servir de diferencial competitivo em um momento de saturação pelo qual pode passar o mercado. “Existe hoje um movimento de diversificação. Espaços estão sendo construídos em função das atividades dos clientes. Acompanhamos as tendências e vimos que alguns dos novos espaços são dedicados a nichos. E isso serve até como um mecanismo de concorrência que lhes podem garantir um diferencial competitivo no futuro frente a um mercado repleto de salas de coworking”, disse o representante. Um dos espaços que surgem em São Paulo e que foram concebidos para atender a um público específico é a Casa de Viver, um espaço de coworking desenvolvido para atender profissionais que têm filhos. A ideia surgiu quando a tradutora Carina Lucindo Dorrego verificou nas redes sociais que havia muitos pais que, assim como ela, buscavam formas de conciliar o trabalho com a agenda dos filhos. Após um ano de estudos de mercado, ela e mais duas sócias criaram a empresa na Vila Mariana, bairro da zona Sul paulistana. “Assim como aconteceu comigo, hoje existem muitos profissionais que procuram alternativas para trabalhar e estarem próximos aos filhos, algo que seja diferente do formato tradicional de deixar o filho 12 horas em uma escolinha e ir para a empresa. A aceitação no mercado está sendo positiva por profissionais de diversas áreas”, explica Carina. Além das estações de trabalho, o espaço conta com uma área reservada para a recreação dos filhos dos clientes sob a supervisão de um instrutor. Para o futuro, Carina e as sócias pretendem incluir serviços de ioga, cursos de capacitação profissional, entre outras atividades. 

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